A palestra de abertura do 4º Fórum de  Saúde Suplementar foi do diretor executivo e CEO do The Permanente  Medical Group e professor de Medicina e Administração em Saúde da  Universidade de Stanford, Robert Pearl. O especialista falou sobre ‘Os  dilemas da assistência à saúde no mundo’ e mostrou que o Brasil tem  problemas parecidos com o de outros países no setor de saúde.
Ele defendeu integração do sistema de  forma que médicos, hospitais e pacientes tenham uma única referência.  “Se integrarmos todos haverá uma coordenação do atendimento. Não há  concorrentes, haverá uma equipe em busca da solução”, explicou o  palestrante. O outro ponto tratado foi a necessidade de mudar a forma de  remuneração. O pagamento por serviço (fee for service) não oferece um  tratamento completo, nem leva em consideração a prevenção. “Já é provado  se há um olhar integral do problema, o paciente não morre de causas  simples, como assepsias”, explicou.
Pearl também abordou o uso da  tecnologia. “Existe muita tecnologia disponível, mas precisamos ter um  prontuário eletrônico. A educação deste setor teria que pensar em um  intercâmbio entre faculdades de medicina e administração. Precisamos de  líderes médicos para desenvolver equipes e grupos que pensem não só na  doença e no tratamento específico, mas sim no paciente, na gestão do  sistema através de um olhar global”, finalizou Pearl.
Economia e Saúde
No primeiro debate do dia, no painel  “Economia e saúde no cenário brasileiro”, Marcos Lisboa,  diretor-presidente do Insper, fez uma análise dos desafios do Brasil nos  próximos anos e ressaltou a necessidade da reforma previdenciária, além  da acentuada crise dos governos federal, estaduais e municipais. “Falta  dinheiro para infraestrutura, saneamento, investimentos em todos os  setores. Isso é resultado de dez anos de desonerações, benefícios e  subsídios para o setor privado”, disse.
Para Lisboa, na área da Saúde  Suplementar o maior problema a falta de diálogo. “O judiciário toma  decisões que não são viáveis. As regulamentações são feitas sem debates  necessários com o setor. Temos que ter uma agenda para melhorar a  eficiência dos gastos. Há necessidade de restabelecer o diálogo. Os  problemas são grandes, mas cabe a nós resolvermos tudo com muito  debate”, finalizou o diretor-presidente do Insper.
Os outros participantes do painel  concordaram que é preciso colocar o paciente no do debate. Para Manoel  Peres, diretor-presidente da Bradesco Saúde e Mediservice, o  empoderamento individual do médico, sem pensar no coletivo não é  factível para a solução do problema do paciente. Romeu Cortes Domingues,  presidente do Conselho de Administração da DASA, destacou que é preciso  combater as práticas inadequadas. “Temos que mostrar o custo para o  paciente. Se o profissional for cobrado pelo resultado e pensando no  paciente vai ajudar. Temos que usar a tecnologia de forma sustentável”,  explicou Domingues.
Na opinião de Eduardo Amaro,  presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de  Hospitais Privados (ANAHP), a judicialização, o aumento da frequência, a  falta da atenção primária, entre outros problemas fazem com que existam  dificuldades em toda a cadeia da Saúde Suplementar. “Precisamos de mais  protocolos dentro dos hospitais para uma medicina mais adequada e  racionalizada”, afirmou.
Já Leandro Fonseca, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde  Suplementar (ANS), destacou a necessidade de olhar o todo. “O setor está  em risco devido a escalada de preços. É necessário discutir o Rol,  mecanismos financeiros e colocar o beneficiário no centro do sistema  para entregar valor ao paciente”, analisou.