Ortodontia, implantes e estética puxam crescimento do mercado
Há alguns anos, o setor de saúde vem se mostrando um destaque da  economia do Brasil. Em 2015, as franquias brasileiras do segmento de  Odontologia, Estética e Medicina faturaram R$ 2,5 bilhões.
Mais recentemente, o setor de odontologia tem se tornado a grande  aposta de investidores e empreendedores, considerando que, segundo o  Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Brasil concentra 15% de todos  os dentistas do mundo. São mais de 550 mil profissionais da área  espalhados pelo território nacional. Nos últimos anos, o mercado  odontológico seguiu em franca expansão apesar da crise financeira que  acomete o país, tendo faturado mais de R$ 38 bilhões, ainda de acordo  com o CFO, o que o levou a conquistar a quarta posição no mercado de  higiene bucal mundial.
A principal tendência identificada  no setor é o sucesso de redes de clínicas populares, que oferecem  atendimento odontológico a preços moderados. É o que aponta Sérgio  Aronis, fundador da Dentalis Software, que fornece soluções tecnológicas  de gestão de consultórios odontológicos desde o início dos anos 90:  "Vimos um aumento muito grande na quantidade de redes populares de  odontologia, que se tornaram nossos principais clientes. Isso ficou  muito claro nos últimos 3 anos, em que a Dentalis cresceu mais de 30% ao  ano mesmo em meio à crise, muito devido a essas redes".
Tendências do setor
A dentista Kellen Oliveira, cliente da Dentalis e sócia-proprietária de  14 clínicas da rede Dentista Popular, espalhadas pelos estados do  Ceará, Pernambuco e Bahia, percebe que um dos vetores do crescimento do  setor tem sido a popularização de procedimentos básicos, como próteses,  cujo tíquete médio gira em torno de R$ 500. Ela afirma que viu a  competição crescer nos últimos anos, o que enxerga como mais um sinal de  que o mercado está atraindo novos players. Para Oliveira, será  essencial apostar em marketing digital e ações nas redes, já que o setor  ainda engatinha nesse sentido.
Um reflexo do aumento da  competitividade é o avanço da profissionalização do setor de  odontologia, já que é preciso apostar em processos de gestão eficientes,  atendimento ao consumidor e insumos tecnológicos para oferecer um  serviço diferenciado.
Philipe Gouvea, dono do Grupo  Clínicas Inteligentes, que atende principalmente a classe C e tem como  campeã em atendimentos a categoria de ortodontia, percebe que os  pacientes de hoje estão mais bem informados do que os de antigamente e  buscam tratamentos mais completos por saberem da importância da saúde  bucal.
Gouvea menciona ainda o grande salto em  procedimentos estéticos identificado nos últimos 3 anos, desde que foram  criadas as lentes de contato odontológicas, que acarretam também em  facetas, coroas e clareamento, entre outros. Essa percepção vai de  encontro com o dado divulgado pela SBOE de crescimento de 300% na  procura por tratamentos estéticos.
Para o empresário, a  competitividade no setor nasce também do fato de que investidores  passaram a fazer aportes na área, gerando um nível de concorrência maior  e exigindo que os consultórios deixem de operar de maneira "caseira" e  invistam em gestão eficiente e profissional.
Luis Filipe  Silva, dono da rede Amigo Odontologia, notou o aumento da procura por  implantes, principalmente pelo público idoso. Outros procedimentos como  facetas e clareamento, categorias nas quais a rede vem investindo cada  vez mais, tem atraído pacientes de todas as idades. Silva também destaca  o aumento da concorrência e a necessidade de profissionalizar e  humanizar o atendimento, além da aquisição de soluções tecnológicas que  otimizem a operação.
Outro fator que puxou o  desenvolvimento das redes populares foram os planos odontológicos. A  categoria segue crescendo, ao contrário do que aconteceu com os planos  de saúde – que perderam 3 milhões de clientes nos últimos 3 anos,  segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com o  Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog), 2,6  milhões de pessoas contrataram planos odontológicos nos últimos dois  anos, o que representa um crescimento de 12,60% no período.
As fusões e aquisições do setor também estão aquecidas. Em agosto de  2018, a OdontoPrev, um dos grupos mais conhecidos no mercado brasileiro,  realizou a aquisição da empresa Odonto System, no Ceará, por R$ 201,6  milhões. Mais cedo, em abril, a Septodont, líder mundial em anestésicos  injetáveis para odontologia, havia adquirido a DLA, fabricante de  anestésicos. Agora em outubro, o Grupo São Francisco, efetuou sua  segunda aquisição em cinco meses, absorvendo a São Lucas Saúde, com 70  mil usuários e forte atuação no interior de São Paulo. Em maio, a  holding havia arrematado a Oral Brasil Planos Odontológicos, com 30 mil  beneficiários - além de aquisições, o grupo, que recebeu aporte do fundo  Gávea, pretende investir R$ 60 milhões na ampliação de sua rede.
Tíquete médio
Em 2016, o mercado odontológico movimentou cerca de 15 bilhões de reais  e a evolução de ticket médio por paciente em 2018 comparado com 2016  superou a marca de 25%, sendo que mais de 55% do faturamento das  clínicas está concentrado em procedimentos estéticos.
A  Dentalis, que oferece a plataforma de SaaS mais completa para a gestão  de processos de agendamento, pagamento e armazenamento de fichas de  pacientes de mais de 17 mil clínicas em todo o Brasil e conta com uma  base de 4 milhões de vidas, identificou que a média de gasto anual com  procedimentos odontológicos em 2017 ficou em R$ 730, sendo que o maior  gasto médio per capita foi identificado em Santa Catarina (R$2.225) e o  menor no Maranhão (R$ 182). Em São Paulo o valor ficou em R$ 613, no Rio  de Janeiro em R$ 701 e os pacientes de Minas Gerais gastaram em média  R$ 662 no ano.