Empresas querem vender planos
individuais com cobertura restrita. Organizações pedem a
parlamentares que rejeitem projeto
RIO - O Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec), a Associação Nacional do Ministério
Público do Consumidor (MPCon), Procons Brasil, OAB Federal,
associações médicas, totalizando 26 entidades civis, assinam
um manifesto contra as propostas de mudanças na
legislação dos planos de saúde apresentadas pelas empresas do setor
que querem voltar a vender planos individuais, mas com cobertura
restrita e menor regulação.
A mobilização acontece dois dias
antes da realização do 5º Fórum da Fenasaúde, que acontecerá em
Brasília, para discutir alterações no marco legal e quando as
empresas apresentarão a sua proposta para a saúde suplementar
brasileira. A proposta defendida pela Fenasaúde — associação que
reúne as maiores empresas do setor — prevê a flexibilização
dos contratos, de modo em que o consumidor possa adquirir módulos
separados para a cobertura de consultas, exames, terapias (como o
tratamento de câncer) e internação hospitalar.
O evento promovido pelas operadoras
terá abertura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o
secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que
foi o relator no Congresso, em 2017, de uma proposta para mudanças
na lei de planos de saúde.
Perda de direitos
Na avaliação das entidades, as
propostas das operadoras desfiguram a atual lei da planos de saúde,
em vigor desde 1998, que fixa garantias mínimas de atendimentos aos
consumidores, deixando de fora os tratamentos a doenças mais
complexas. o que acreditam abre caminho para cobranças
abusivas.
— Os direitos dos consumidores de
planos de saúde não podem ser discutidos exclusivamente sob a
perspectiva dos interesses das operadoras. Essas empresas estão
elaborando essa proposta às escuras e acreditam que resolverão seus
problemas impondo um projeto de lei que não atende o interesse dos
consumidores e nem de diversos segmentos como boa parte da classe
médica. Não vamos aceitar alteração dos direitos dos consumidores e
vamos combater argumentos enganosos — afirma Teresa Liporace,
dretora executova do Idec.
O manifesto chama atenção ainda
para o fato para a meta das empresas de liberar os reajustes
de mensalidades, ampliar os prazos para atendimento, acabar com o
ressarcimento ao SUS, reduzir as multas aplicadas, obter
desonerações tributárias, enquadrar os prestadores de serviço e
reduzir o poder da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
— A segmentação pretendida pelas
operadoras de planos de saúde, por módulos de coberturas, significa
retirar do usuário a principal razão de realizar a contratação do
plano, qual seja, a garantia de cobertura total para o tratamento
de sua saúde. A pretensão das operadoras representa um nefasto
retrocesso que deve ser repudiado por toda a sociedade civil e pelo
parlamento brasileiro — ressalta Marié Miranda, presidente do
Conselho especial de Defesa do Consumidor da OAB Federal.
As entidades pedem aos
parlamentares e autoridades envolvidas com o tema que rejeitem a
redução de direitos já consolidados dos consumidores, aos gestores
públicos que refutem os argumentos de que as medidas podem
beneficiar o SUS e as entidades médicas que apoiem a luta dos
usuários da saúde suplementar.