O Valor
Econômico informa que a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) está resistindo a uma promessa feita no dia 19
pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta: liberar para as
operadoras de planos cerca de R$ 10 bilhões que hoje estão
depositados em um fundo garantidor mantido pelas próprias empresas.
A decisão deve sair hoje, mas o Valor apurou que a tendência é que
a liberação seja menor e que contrapartidas sejam exigidas.
A proposta feita por Mandetta foi
mal recebida no comando da ANS, apesar da ciência de todos os
diretores sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre as
finanças do setor. O desafio agora é encontrar rapidamente uma
proposta consensual de contrapartidas por parte das operadoras.
O próprio Mandetta já havia
informado que as empresas teriam que aumentar o volume de testes e
leitos para fazerem jus aos recursos. A ideia é que os cerca de 50
milhões de brasileiros que são segurados sejam atendidos pelos
planos, de forma a não sobrecarregar o Sistema Único de Saúde
(SUS).
Na sexta-feira, a expectativa era
que a diretoria da ANS aprovasse rapidamente as primeiras medidas
para ampliar a liquidez das operadoras. Uma delas seria a
suspensão, para o ano de 2020, da obrigação que as empresas têm de
fazer provisões de valores para ressarcimento ao SUS. O grosso do
dinheiro, no entanto, pode demorar um pouco mais para sair.
Na semana passada a agência
reguladora aprovou a prorrogação dos prazos máximos estabelecidos
para que os planos garantam acesso dos beneficiários a consultas,
exames e procedimentos não urgentes. Havia a possibilidade de que o
prazo para o atendimento fosse suspenso, mas por ora ficou definido
apenas pela prorrogação.
Os prazos previstos na Resolução
259 da ANS foram dobrados. Por exemplo, o tempo para uma consulta
básica, que era de 7 dias, passou a 14 dias. Os procedimentos de
alta complexidade passaram de 21 dias para 42 dias.
As operadoras de planos de saúde
vinham pleiteando a suspensão dos prazos e isso ainda não está
descartado. Pelo contrário, se o quadro de pandemia do coronavírus
se agravar, é provável que a ANS acabe decidindo pela
suspensão.
A avaliação feita pelo colegiado
foi de que a medida atingiria 1 milhão de profissionais de saúde
que atuam quase exclusivamente atendendo as operadoras, como
médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos etc. Os
consumidores também ficariam muito tempo esperando atendimento.
Representando as empresas, a
Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) considerou a
medida acertada, porém insuficiente. A entidade reiterou a urgência
para que a ANS tome medidas que deem maior fôlego financeiro para
as operadoras.
“A evolução da doença no Brasil
ainda é uma incógnita e todos os prognósticos são de que o período
mais severo ainda está por vir. Neste sentido, é fundamental que a
ANS esteja preparada para, com a velocidade e a agilidade que a
situação exige, deliberar sobre eventuais novas medidas desta e de
outras naturezas que se façam necessárias para que as operadoras
possam fazer frente ao aumento das demandas relacionadas à
covid19”, afirmou a Fenasaúde.