A temática sobre os implantes de
silicone das marcas PIP e Rofil coloca em discussão, além das
regras estipuladas para liberação da comercialização de produtos
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que a saúde
pública não está preparada para lidar com o problema sem ajuda da
área privada.
Vamos entender o caso resumidamente: os implantes destas duas
marcas foram produzidos com material inadequado, que como
consequência se rompe com maior facilidade, colocando em risco a
saúde da paciente. Segundo a reportagem da revista Veja, publicada
na semana do dia 11 de janeiro, estimam-se que pouco mais de 12 mil
brasileiras, possua a prótese PIP.
O Ministério da Saúde recomenda às mulheres lesadas que procurem
seus médicos para se informarem de como devem proceder. E, em caso
de rompimento é necessário a troca do implante. Mas, alguns
especialistas na área ainda estão divididos sobre a retirada
imediata da prótese, mesmo que não esteja rompida.
Após relatos de complicações sérias e pacientes intervindo, o
Ministério da Saúde em reunião com os diretores e presidentes de
agências reguladoras (ANVISA e ANS) decidiu que o Sistema Único de
Saúde (SUS) irá realizar a cirurgia da prótese em caso de
rompimento. A regra se aplica tanto para pacientes que fizeram a
cirurgia reparadora como em casos de estética.
A discussão se inicia, já que a maioria dos planos de saúde não
cobre cirurgia plástica, cuja finalidade é estética. Portanto,
porque exigir que a operadora cubra uma cirurgia estética, sendo
que ela foi realizada anteriormente pelo particular? É correto
cobrir um procedimento que não entra no rol de cobertura do plano
adquirido pelo consumidor? Mas, a partir do momento que há registro
de problemas de saúde com a paciente, o procedimento passa ser
caracterizado como reparadora, portanto deve ser coberta?
A temática do silicone é algo esporádico e não significa que as
operadoras, a partir de agora, irão cobrir procedimentos que
estejam fora do rol cobertura contratual do cliente. Além disso,
para as operadoras existem questões que vão além dos custos da
cirurgia em si. O desafio que pode acontecer é encontrar
especialistas em cirurgia plástica, que são no meio médico uma das
especialidades que gera maior rentabilidade, que aceitem ganhar os
honorários pagos pela operadora.
Para alguns senadores é injusto o governo arcar com os custos do
implante quando a cirurgia foi de caráter estético, a alegação é
que a paciente neste caso tem condições financeiras para pagar as
despesas. Quem deveria arcar com os custos é o fabricante e o
distribuidor, que abusou da boa fé do hospital, médico e do
paciente e teve o lucro na hora da venda da prótese danificada.