Foto:UFRGS
Lideranças do setor segurador do Brasil, Bolívia, Paraguai e
Colômbia avaliam cenários em reportagem exclusiva
As
economias da América Latina terão de fazer esforços a mais para
superar a previsão de retomar níveis de crescimento pré-pandemia só
por volta de 2024, de acordo com projeção da Comissão Econômica
para a América Latina (CEPAL). A convite da Revista de Seguros,
publicação da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg,
a última edição (nº 916) publica o
depoimento de quatro lideranças do setor segurador do Brasil,
Bolívia, Paraguai e Colômbia- respectivamente, os Presidente da
Comissão Regional Sul da Fides e da CNseg, Marcio
Coriolano; da Fides e da Asociación Boliviana de
Aseguradores (ABA), Rodrigo Bedoya; da Associação
Paraguaia de Seguradoras (APCS), Antonio Vaccaro
Pavia; e da Federação de Seguradores Colombianos
(Fasecolda), Miguel Gómez Martínez – sobre
formas de dar mais tração à retomada numa região que foi duramente
atingida pela pandemia com queda de 7,7% em 2020, a pior contração
em 120 anos da América Latina. Neste ano, a previsão é de que a
região alcance uma alta de 3,7%, mas o risco de novas ondas da
Covid-19 pode afetar a projeção, sobretudo por retardar a
recuperação do emprego e da renda.
No
caso brasileiro, o país alcançará seu objetivo de crescimento, se
consolidar o calendário da vacina, equacionar o déficit fiscal e a
dívida pública e retomar as reformas estruturais, afirma Marcio
Coriolano. Segundo ele, o Brasil tem indicadores de inflação e
juros bem confortáveis. “E, ao que as autoridades econômicas
relatam, uma folga para dar a saída ao teto dos gastos. Aguardemos
o calendário das reformas tributária e administrativa e as
negociações para dar solução estrutural ao teto de gastos”,
avalia.
O
boliviano Rodrigo Bedoya tem expectativas de um ciclo econômico
global em 2021 bem maior do que em 2020, como resultado de
quarentena menos drástica e restrições ao movimento e ao trabalho
em praticamente todos os países. A Bolívia pode crescer de 3,9% até
4,8%, se mitigar a pandemia, distribuir vacinas adequadamente e
estabilizar os preços internacionais das principais commodities
exportadas pela Bolívia – gás, minerais e cereais.
Após
dois anos consecutivos de contração, Antonio Vaccaro Pavia espera
uma recuperação mais significativa apenas em 2023 no Paraguai. Isso
porque o País sofreu um declínio em sua produção, ainda que
menor do que o previsto no início da pandemia. “Há uma inevitável
queda nos indicadores macroeconômicos”, diz ele, acrescentando que
entre os setores mais afetados estão as atividades culturais,
físicas, sociais, serviços e turismo.
A
América Latina tem sido duramente atingida pela crise econômica
ligada à pandemia por dois fatores principais: o alto nível de
informalidade do mercado de trabalho e o pequeno espaço de gastos
públicos disponível para programas contracíclicos, analisa Miguel
Gómez Martínez, da Colômbia. Ele se declara alinhado à previsão de
que a América Latina levará mais tempo do que outras regiões para
restaurar sua capacidade de crescimento em níveis anteriores à
pandemia.