Para a advogada do Idec,
Joana Cruz, o governo também deveria intervir no mercado coletivo,
que responde por cerca de 80% dos usuários de planos de saúde no
país
O consumidor deve tomar certos cuidados ao contratar
um plano de saúde coletivo. No primeiro momento, os planos
coletivos aparentam ser mais vantajosos que um plano individual,
por não exigir carência, mas podem acabar saindo mais caro. O
alerta é do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
O instituto chama a atenção para o fato de que a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não regula os reajustes dos
planos coletivos, somente dos individuais. Para a advogada do Idec,
Joana Cruz, o governo também deveria intervir no mercado coletivo,
que responde por cerca de 80% dos usuários de planos de saúde no
país.
“Enquanto o índice de reajuste dos planos
individuais,determinado pela ANS, será de até 7,93%, os planos
coletivos têm reajustes livres, deixando os consumidores
desamparados”, destacou a advogada, especializada em saúde
suplementar.
Segundo Joana Cruz, ao buscar um plano coletivo, o consumidor
deve buscar saber os percentuais de reajustes nos últimos anos e de
quanto deverá ser o próximo aumento, para não ser pego de surpresa
com valores bem acima da inflação.
De acordo com a ANS, os reajustes dos planos coletivos não são
regulados pela agência por tratarem-se de relações entre pessoas
jurídicas (operadora e empresas, por exemplo), que têm grande poder
de barganha e negociação, ao contrário do usuário individual. Além
disso, segundo a agência, a modalidade coletiva não exige prazo de
carência, possibilitando ao usuário migrar para outra operadora que
apresentar mensalidade menor.
Outro alerta do Idec é sobre os reajustes dos planos individuais
acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), o que acarretaria, a longo prazo, um comprometimento cada
vez maior da renda dos clientes.
“Temos estudos mostrando que, em 30 anos, o plano de saúde
vai absorver 50% da renda do usuário”, frisou a advogada do
instituto.
A ANS reconhece que os reajustes dos
planos individuais são mais altos que o IPCA, porém argumenta serem
abaixo do rendimento nominal médio do trabalhador e dos índices de
variação de preços de produtos e serviços médicos, odontológicos e
laboratoriais.