Recentemente, em um simpósio internacional promovido pela ANS e
OPAS no Rio de Janeiro, a Profa. Linamara Riz
Batistella comentou que, na opinião dela, precisamos até mais
de pediatras bem preparados do que geriatras em nosso país e teve a
concordância de todos os presentes.
Um estudo recente feito por pesquisadores da UFSC e publicado na
Revista Paulista de Pediatria, com 1.675 adolescentes de 11 a 17
anos em escolas públicas e privadas em Caxias do Sul (RS) constatou
que 62% apresentaram baixa aptidão cardiorrespiratória e 31%
relataram consumo elevado de gordura.
Dois em cada dez adolescentes tinham dois ou mais comportamentos
de risco e seis em cada dez estudantes tinham pelo menos dois
fatores de risco enquanto que a proporção do agrupamento desses
fatores aumentou com a idade.
A combinação de circunferência da cintura elevada, pressão
arterial elevada e baixa aptidão cardiorrespiratória foi maior, em
85,0 e 69,0% do que o esperado em rapazes e moças,
respectivamente.
Neste estudo algumas combinações se destacaram, como o uso do
álcool, tabagismo e elevada ingestão de gordura em ambos os sexos.
Tal situação sugere que os comportamentos de risco para DCNT são
propensos a se agregarem.
Possivelmente, isso está associado ao estilo de vida que, na
adolescência, sofre forte influência do convívio social, da cultura
local e de tendências da moda, com conseqüências diretas na adoção
de hábitos.
Como a simultaneidade das variáveis de risco não diferiu entre
os níveis sócio-econômicos, as estratégias de intervenções podem
ser elaboradas independentemente deste fator.
Os resultados reforçam a necessidade de delinear e testar novas
abordagens para a promoção da saúde entre os jovens, o que poderia
ocorrer por duas vias diferentes: as intervenções destinadas a dois
ou mais comportamentos de risco à saúde para investigar se isso
diminuiria a prevalência deles e a intervenção dirigida a apenas um
comportamento de risco, de forma a explorar o impacto sobre outros
fatores de risco combinados.
Deste modo, os fatores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis estão sendo detectados em fases bastante precoces,
inclusive na adolescência. Realizar ações e programas unicamente
abordando os doentes crônicos ou com patologias diagnosticadas são
pouco efetivas pois este grupo será cada vez maior se não buscarmos
melhorar o estilo de vida das pessoas, abordando as etapas de
sensibilização, motivação, conhecimento e, principalmente o
ambiente em que as pessoas vivem.