Em projeção do Idec, mantidas as condições atuais, mensalidades
subirão cerca de 163,49% acima da inflação
Daqui a 30 anos, os planos de saúde terão subido 163,49% acima
da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), revelou estudo feito pelo Idec (Instituto de Defesa do
Consumidor).
A relação entre o reajuste dos planos de saúde individuais e
familiares e a inflação (IPCA) acumulada entre 2002 e 2012
apresentou uma diferença de 38,12%. Esse resultado indica que os
planos de saúde estão sendo corrigidos acima da reposição
inflacionária, ampliando ainda mais o descasamento com a
recomposição de renda do consumidor, feita pelo índice de
inflação.
Se mantidos os reajustes concedidos pela agência e mantendo a
inflação em cerca de 5,10% ao ano, o Idec calcula que, no futuro,
mensalidades dos planos serão impagáveis.
Impactos dos reajustes
Na projeção, as entidades partiram de um exemplo: um consumidor
de São Paulo, de 30 anos de idade, com salário de R$ 3 mil. O plano
contratado por ele considera gastos com enfermaria, cobertura
nacional ambulatorial e hospitalar. Hoje, esse consumidor paga R$
210,07 pelo plano – esse valor compromete cerca de 7% de sua
renda.
Daqui a 30 anos, mantidas as condições atuais, esse plano
custará cerca de R$ 2.196,28 por mês. Nesse caso, o comprometimento
da renda é de cerca de 73,21%.
Se forem mantidas as condições de reposição salarial e as regras
atuais de reajuste dos planos de saúde, quando este consumidor
completar 60 anos, terá, primeiramente, mudado de faixa etária, e
seu plano de saúde terá sofrido um acréscimo de 296,79%.
“A simulação leva em conta somente o reajuste dos planos
individuais/familiares, que são regulados pela ANS e representam
cerca de 20% do total dos mais de 48 milhões de consumidores de
planos e seguros de saúde no País”, lembra a advogada do Idec,
Joana Cruz.
O Idec realizou essa mesma simulação em 2010, e na ocasião, o
índice de reajuste da ANS acumulado no período entre 2000 e 2010,
apresentava um crescimento de 31,36% acima da inflação. Na ocasião,
a diferença projetada para os 30 anos seguintes apontava um
comprometimento de renda de 54,12% da renda do trabalhador.
Os resultados do último levantamento indicam que o reajuste dos
planos individuais e familiares vem se distanciando ainda mais em
relação ao IPCA, pois em apenas dois anos, essa diferença cresceu
em mais sete pontos percentuais.