Aumento persistente de médicos não beneficiou de maneira
homogênea todos os cidadãos brasileiros. A região Sudeste concentra
duas vezes mais médicos que o Norte
O Brasil tem atualmente dois médicos para cada mil habitantes,
de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira (18) pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM). O Sudeste lidera o ranking com
2,67 profissionais por mil habitantes, seguido pelo Sul, com 2,09,
e pelo Centro-Oeste, com 2,05. Já no Nordeste, o índice é 1,23 e no
Norte, 1,01.
O estudo Demografia Médica no Brasil 2: Cenários e Indicadores
de Distribuição aponta que a distribuição desigual de profissionais
de saúde pode ser observada também entre as unidades da Federação.
O Distrito Federal (DF) lidera o ranking com 4,09 médicos por mil
habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (3,62), por São Paulo
(2,64), pelo Rio Grande do Sul (2,37), pelo Espírito Santo (2,17) e
por Minas Gerais (2,04).
Dados mostram que mais de 388 mil profissionais de saúde atuavam
no país até outubro de 2012. De 1970, quando existiam 58.994
médicos no país, ao último trimestre do ano passado, o número
cresceu 557,72%. O percentual é quase seis vezes maior em
comparação ao do crescimento da população brasileira que, em cinco
décadas, aumentou 101,84%.
De acordo com o professor da Universidade de São Paulo (USP) e
responsável pelo estudo, Mario Scheffer, o país nunca teve tantos
médicos em atividade em razão de fatores como a abertura de cursos
de medicina, o aumento de novos registros (mais de 4% ao ano) e a
maior longevidade profissional.
“O Brasil é um país de médicos jovens. A idade média é 46 anos,
sendo que mais de 40% deles têm menos de 40 anos. Com isso, eles
ficam cada vez mais anos trabalhando na profissão, o que amplia o
contingente de médicos à disposição”, disse. “Mas o aumento
persistente do efetivo médico não beneficiou de maneira homogênea
todos os cidadãos brasileiros”, completou.
A expectativa, segundo Scheffer, é que o país alcance um total
de 400 mil profissionais de saúde este ano, sendo que 55,5% atuam
no Sistema Único de Saúde (SUS). “Consideramos uma presença
insuficiente para um sistema universal. Precisamos definir como
deslocar os médicos que estão em outras estruturas para trabalhar
no SUS”, concluiu.