Adolescentes imunizadas podem ser a primeira
geração praticamente livre do risco de morrer do câncer do colo do
útero. Vacina está disponível em mais de 36 mil salas de vacinação
espalhadas pelo país.
No
primeiro mês de vacinação contra o HPV (Papiloma Vírus Humano), 255
mil meninas do Estado de São Paulo já tomaram a segunda dose da
vacina, o que garante a proteção contra o vírus até que recebam a
dose de reforço, em cinco anos. O número representa 26,74% do
público-alvo do Estado, formado por 953,7 mil meninas de 11 a 13
anos. No Brasil, 914 mil meninas já tomaram a segunda dose,
atingindo 18,4% do público-alvo, formado por 4,9 milhões de meninas
de 11 a 13 anos. A vacinação da segunda dose começou no dia 1º de
setembro e se manterá no calendário nacional de vacinação do
Sistema Único de Saúde (SUS).
O
ministro da Saúde, Arthur Chioro, reforça a importância da segunda
dose para a proteção contra o HPV e, consequentemente, contra o
câncer do colo do útero – terceiro tumor mais frequente na
população feminina e terceira causa de morte de mulheres por câncer
no Brasil. “A primeira dose sozinha não protege contra o vírus. Por
isso, a segunda dose é essencial. Com isso, é fundamental que as
famílias busquem saber se haverá vacinação nas escolas das
adolescentes. Se não tiver, levem suas filhas a um posto de
vacinação mais próximo de casa. A vacina é segura e é uma
estratégia importante na prevenção do câncer do colo do útero. Ela
só terá eficácia se as meninas tomarem todas as doses”, alerta o
ministro.
A
vacina contra HPV faz parte do calendário nacional e está
disponível nas mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo
país. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a
proteção: a segunda, seis meses depois da primeira e a terceira, de
reforço, cinco anos após a primeira dose. Neste ano, são vacinadas
as adolescentes do primeiro grupo, de 11 a 13 anos. Em 2015, a
vacina passa a ser oferecida para as adolescentes de nove a 11 anos
e, em 2016, as meninas de nove anos.
Desde
10 de março, quando a imunização passou a ser ofertada
gratuitamente no SUS, 4,5 milhões de meninas receberam a primeira
dose, o que representa 92,6% do público-alvo. No Estado de São
Paulo, foram vacinadas 984,1 mil meninas, alcançando cobertura
vacinal de 103,19% na primeira dose. O SUS oferece a vacina
quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do vírus
(6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia. Os subtipos 16 e 18 são
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero
em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas
anogenitais.
SEGURANÇA - Atualmente, a
vacina é utilizada como estratégia de saúde pública em mais de 50
países, por meio de programas nacionais de imunização. Estimativas
indicam que, até 2013, foram aplicadas cerca de 175 milhões de
doses em todo o mundo. A sua segurança é reforçada pelo Conselho
Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial
de Saúde (OMS).
De
acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a
conclusão dos casos de efeitos adversos registrados no Brasil só
reforça a segurança da vacina. “O desfecho desses casos, sem
qualquer lesão ou sequela, é uma comprovação que a vacina é segura”
salienta, lembrando que muitas reações são psicológicas, comuns em
vacinação em ambientes fechados como escolas, quarteis e trabalhos.
Para o secretário, a meta de vacinar 80% das meninas será
alcançada. “Eu não creio que as famílias vão perder esta
oportunidade. É sempre bom lembrar que, apesar dos avanços na
redução das mortes por câncer do colo do útero no Brasil, 14
mulheres morrem todos os dias com esse tipo de câncer no país”,
enfatiza.
Barbosa destaca ainda que essas meninas podem ser
a primeira geração praticamente livre do risco de morrer do câncer
do colo do útero. “As mães dessas meninas só tinham o Papanicolau
para se prevenir. Essas meninas podem ser a primeira geração livre
do câncer do colo do útero, porque elas vão combinar a proteção da
vacina com a do Papanicolau. Isso é algo impensável há 10 anos”,
ressalta o secretário.
PREVENÇÃO - Tomar a vacina
na adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher
deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero.
No entanto, a imunização não substitui a realização do exame
preventivo e nem o uso do preservativo nas relações sexuais. O
Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos
64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos,
após dois exames anuais consecutivos negativos.
O HPV
é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas
infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido
da mãe para filho no momento do parto. Estimativas da Organização
Mundial da Saúde indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são
portadoras da doença, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18.
Em relação ao câncer de colo do útero, estudos apontam que
270 mil mulheres, no mundo, morrem devido à doença. Neste ano, o
Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 15 mil novos
casos.