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Criminalidade cai, mas preço do seguro sobe no Grande ABC

Fonte: Diário do Grande ABC Data: 04 maio 2015 Nenhum comentário

Apesar de os índices de roubo e furto de veículos terem caído no primeiro trimestre de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado, o preço médio do seguro automotivo no Grande ABC teve alta de 33,4% desde fevereiro de 2014, para R$ 3.119,87. Uma das justificativas do setor para o aumento é a elevação na cotação do dólar, já que muitas peças usadas nos consertos dos carros são importadas. Em 12 meses, a cotação da moeda norte-americana teve variação de 35%, chegando a R$ 3,01 na quinta-feira.

Segundo estatística da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), houve queda de 27,7% nos roubos de veículos nas sete cidades da região nos três primeiros meses deste ano. Apesar da diminuição expressiva, o número de assaltos ainda é alto. Foram 2.773 ocorrências registradas pelas delegacias do Grande ABC de janeiro a março, o equivalente a pouco mais de 30 casos por dia. Os furtos de carros tiveram queda de 15,9%, para 2.413 episódios – cerca de 27 a cada dia.

O cálculo da variação no preço médio do seguro na região foi realizado com base em cotação feita pelo corretor Arnaldo Odlevati Junior. Foi considerado o perfil de uma mulher com 37 anos proprietária de um Renault Sandero Authentique 1.0 flex ano 2010. Entre as cinco cidades da região incluídas na pesquisa, Diadema ainda tem o maior valor, de R$ 3.129,57. Entretanto, o município registrou a menor alta entre fevereiro de 2014 e o mês passado, de 12,5%. A queda nos roubos alcançou 33,1%.

A elevação mais acentuada foi observada em São Caetano: 58,9%. O valor no perfil informado passou de R$ 1.961,39 para R$ 3.117,40. Curiosamente, a cidade foi a que apresentou maior queda no total de roubos de veículos: 50,2%. Em Santo André, o preço teve alta de 55,7%, enquanto os crimes caíram 6,5%. O aumento em São Bernardo foi de 34% (com queda de 37,8% nos roubos), enquanto Mauá teve majoração de 19% (e queda de 26,1% nos crimes).

Na Capital, os aumentos foram superiores à média do Grande ABC. Na Zona Sul, apesar da variação de 57,5%, a tarifa é mais barata do que as da região: R$ 2.867,62. Na Zona Norte, a elevação entre fevereiro de 2014 e abril deste ano foi de 62,3%. Em Santos, no Litoral, o preço quase dobrou, chegando a R$ 3.014,98 – 84,9% a mais do que no início de 2015.

Odlevati Junior, que é ex-diretor do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo), afirma que, apesar da queda na criminalidade, há outros fatores que impactam no preço do seguro, como colisões e acidentes. “Com a tecnologia avançada, as peças ficam caríssimas. Isso puxa a elevação. Antigamente, os consertos eram mais simples. Mesmo assim, a média da apólice já chegou a representar cerca de 10% do valor dos veículos, e isso não é mais assim.” Para se ter uma ideia, apenas o farol de um Hyundai Azera sem xenon custa cerca de R$ 1.100. Com xenon, sobe para R$ 4.900, aproximadamente.

Nessa linha, a corretora Cássia Maria Del Papa, ex-delegada do Sincor-SP, acrescenta que a alta de 35% no preço do dólar também teve influência sobre os valores cobrados, já que muitas peças utilizadas nos reparos dos carros são importadas. Além disso, entre fevereiro do ano passado e março deste ano, a inflação acumulada foi de 9,87%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Cássia acrescenta que também há alto índice de utilização do seguro para terceiros. “Há muitas batidas de pequeno porte. Como os custos de manutenção são altos, muita gente está acionando o seguro, mesmo em ocorrências sem gravidade. Tudo isso contribui para a elevação”, avalia.

DESMANCHES – No dia 1º de junho do ano passado, entrou em vigor lei estadual que regulamenta o funcionamento dos desmanches em São Paulo. A legislação tem o objetivo de eliminar a atividade clandestina – no mercado paralelo, muitas peças comercializadas são produto de roubo ou furto. Logo que o texto foi sancionado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a expectativa era de que os preços dos seguros caíssem 25%, o que não aconteceu.

Cassia Del Papa considera que as tarifas começarão a ter redução conforme a fiscalização for intensificada pelos agentes do Estado. Já Odlevati Junior avalia que a pressão popular diante da queda da criminalidade tende a estimular as seguradoras a diminuírem os preços praticados.

Espera-se que a situação melhore com a entrada em vigor da lei federal (prevista para o dia 21) e que também vai exigir mais controle sobre os desmanches em todo o País, com multa de R$ 2.000 a R$ 8.000 aos estabelecimentos infratores. Hoje, se o roubo da peça ocorre aqui, e ela é vendida em outro Estado, a legislação paulista não tem alcance para coibir o comércio ilegal fora de São Paulo.

 

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