As seguradoras
europeias continuam a desenvolver suas operações no
exterior sob pressão dos investidores para melhorar as margens em
um momento em que seus mercados domésticos já se encontram
saturados. Como elas também enfrentam os desafios de
ambientes com juros baixos, as empresas mais capitalizadas procuram
maneiras inovadoras para investir seu capital.
No ano passado, houve casos de
muitas resseguradoras que regressaram capital para seus acionistas;
por exemplo, através de dividendos especiais, aumentaram pay-outs
ou recompra de ações. Empresas de médio porte também utilizam
excesso de fundos para financiar a recente
onde de fusões ou aquisições. Embora tenha havido alguma
consolidação da indústria envolvendo grupos maiores, para essas
empresas a necessidade de criar escala não é um fator-chave e, em
vez disso, há maior foco em mercados emergentes para permitir um
crescimento mais rápido, margens mais
altas e mais negócios com capital eficiente.
Gráfico 1*Como mostram os gráficos 1
e 2, os mercados de seguros europeus tendem à estagnação, com
crescimento dos prêmios pequeno. A Itália foi uma exceção devido ao
aumento acentuado da procura por produtos de vida, com crescimento
de 23%, contra uma queda de 3% para o negócio não vida.
Gráfico 2*
A penetração do seguro foi de 11,9%
para o Reino Unido, enquanto foi de 5,1% para a Espanha, o que
ainda é considerado elevado considerando-se muitos países fora da
União Europeia (EU). Em geral, existem alguns países que estão se
mostrando atraentes para as seguradoras européias por causa da
baixa penetração do seguro e do crescimento de seu PIB. Os países
emergentes são o foco dos maiores participantes eruopeus por conta
da baixa penetração do seguro. A A.M. Best destacou alguns dos
principais países identificados pelas seguradoras européias,
salientando que na região Ásia-Pacífico , além da China, nenhum
país se sobressai (ver gráficos 3 e 4). O desenvolvimento econômico
é esperado para estimular o surgimento da classe média, que por sua
vez é a principal responsável pelo desempenho dos produtos de vida
– particularmente ligados à poupança – e seguros não-vida, tais
como seguros de varejo ligados a veículos e proteção da
família.
Gráfico 3*
Gráfico 4*
*Notas: Valores expressos
em US$ para permitir a comparação entre moedas, baseados na
média da taxa de câmbio para o ano financeiro de 2014. Fontes:
Fundo Monetário Internacional, World Economic Outlook Database, de
Abril de 2015; Swiss Re, sigma No4 / 2015; A.M. Best, dados e
pesquisas.
América Latina
A América Latina é considera um
grande pólo para seguradores e resseguradores. Virtualmente, todas
as companhias seguidas pela A.M. Best, tanto de vida quanto
não-vida, têm planos estratégicos para manter pontos de apoio na
região. As principais atuantes são Mapfre e Zurich.
O tamanho das economias e população
do Brasil e do México, aliados ao crescimento da sua classe média,
resultou no grande interesse por estes países. O Brasil possui o
maior mercado de seguros da América Latina, embora haja
divergências sobre o seu desempenho.
Por exemplo, as quatro maiores
resseguradoras europeias – Munich Re, Swiss Re, Hannover Re e Scor
– todas foram bem sucedidas na América Latina. Há uma diferença
significativa, no entanto, entre as seguradoras e resseguradoras
primárias, que podem fornecer um serviço de valor agregado e
estrutura de proteção de resseguros de forma mais rentável por
conta do menor nível de competição.
As seguradoras europeias que têm
sido mais bem sucedidas contam com acordos de distribuição com os
bancos, que são parcial ou totalmente de propriedade do governo.
Estes incluem sociedades entre o Banco do Brasil e MAPFRE, e CNP
Assurances e Caixa Econômica Federal (um dos maiores bancos do
Brasil).
As seguradoras também tentaram se
estabelecer em outros países latino-americanos, especialmente
Chile e Colômbia. Ambos são considerados atraentes por
transmitirem uma imagem de estabilidade em seu ambiente
regulatório, um enorme vantagem para atuação de conglomerados
globais.
A economia chilena tem se mostrado
mais forte que a brasileira, com crescimento de 1,8% do PIB em
2014, em comparação ao modesto aumento do Brasil de 0,2%. No
entanto, há menos oportunidade para a demanda de seguros, por conta
de Chile e Colômbia terem economias menores que o Brasil, apesar da
piora econômica que este sofre, com inflação de 9,6% (um nível não
visto desde 2003). Em julho de 2015, o Banco Central do Brasil
divulgou uma projeção da taxa básica de juros na casa de 14,25%, o
décimo quinto aumento em dois anos. Enquanto isso, apesar de seu
tamanho territorial, Venezuela e Argentina continuam fora do foco
das seguradoras européias por conta de sua instabilidade política e
econômica, problemas que afetam as bolsas internacionais por conta
das restrições à circulação de capitais.
Fonte: Relatório divulgado pela
A.M. Best sobre seguradoras europeais