Dados divulgados pelo governo de São
Paulo na tarde desta sexta-feira (24) apontam para um novo
crescimento no número de roubos de carga no mês de fevereiro no
Estado, o nono aumento consecutivo deste tipo de crime.
Foram 865 casos registrados no mês
passado, incremento de 34,5% em relação aos 643 casos de fevereiro
de 2016, e um recorde: é a maior quantidade de roubos de carga
registrada em um mês de fevereiro desde de 2002 –início da série
histórica divulgada pelo governo.
Os números foram apresentados pelo
secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, que admitiu
considerar a situação como grave, embora, para ele, menos
preocupante do que vinha ocorrendo em anos anteriores quando
“quadrilhas fortemente armadas” chegavam a fechar estradas para
roubar cargas de eletroeletrônicos.
“Isso daí não vem acontecendo. Quando
a gente fala em roubo de carga a primeira coisa que vem a mente é o
que acontecia. É por isso que todo mundo fica um tanto apreensivo
com esse dado. Mas o eletroeletrônico representa 5%.”
Para o secretário, deveria haver uma
outra forma para classificar o roubo de carga já que um ataque a
bicicleta com produtos de uma feira entra na mesma contabilidade de
grandes assaltos a caminhões de eletrônicos. “Tudo que é
transportado, termina virando carga. Isso não é, na minha opinião,
a forma mais adequada de tratar esse tipo de infração.”
Barbosa Filho disse que o governo vem
trabalhando muito para tentar combater esse tipo de crime,
inclusive com um grupo de que, além de policiais de vários setores,
conta com a participação de representantes das empresas de
transportadoras de carga.
A entrevista teve um pequeno mal-estar
porque, logo após o secretário falar desse grupo integrado, ele foi
questionado por uma representante do Setcesp (Sindicato das
Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região) sobre
medidas de combate à receptação. Ela citou que São Paulo tem lei
aprovada que prevê a cassação da licença de funcionamento de
estabelecimentos que comercializam produtos roubados.
Visivelmente surpreso com o
questionamento da representante do setor, Barbosa respondeu que o
Estado vem trabalhando também nessa área. “O governo do Estado tem
todo o interesse de combater esse tipo de ação com o máximo de
rigor, na fiscalização tanto pela Secretaria da Fazenda como nas
nossas unidades policiais”, disse o secretário, mas sem apresentar
números.
Questionado pela Folha, o secretário
negou haver problemas com o setor. Afirmou que a representante de
classe era bem recebida ali, dirigindo-se a ela, mas que não
entendia aquele comportamento.
“Eu também me surpreendi [com a
pergunta]. Eu tenho sim recebido a Fetecesp [Federação das Empresas
de Transporte de Carga do Estado São Paulo], a Setcesp. Você é
muito bem recebida aqui [disse ele à representante], mas não
entendi. Mas deve ter algum motivo”, respondeu à reportagem.
Homicídio
Além do aumento no número de roubos de
carga, os dados apresentados pelo governo também mostraram alta de
7% no número de homicídios dolosos (intencionais) –passaram de 292
para 312 vítimas, comparando fevereiro do ano passado com o mesmo
mês de 2017.
Houve também um aumento de 42% nos
casos de latrocínio (roubos seguidos de morte) em fevereiro deste
ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Pularam de 24
para 34 casos.
Esse aumento nos casos de latrocínio
se deu mesmo com uma queda de 6% nos roubos de veículo (caíram de
6.098 para 5.728) e queda nos roubos em geral, de 1,5% (foram de
25.643 para 25.259) –sempre comparando fevereiro de 2017 com de
2016.
Geralmente, segundo o secretário, a
queda nos roubos de veículo interfere nos indicadores de
latrocínio, já que grande parte desse tipo de crime ocorre durante
uma abordagem de um veículo. “Não é o que a gente está sentido. É
uma questão que a gente precisa depurar.”