Seguro protege contra perda de ativos
digitais e pagamento por sequestro de dados Os recentes ataques de
vírus em computadores acenderam o alerta para os cuidados que devem
ser tomados a fim de evitar prejuízos às empresas. O que pouca
gente sabe é que é possível contratar um seguro para esses casos.
No Brasil, só duas seguradoras atuam no segmento hoje: AIG e XL
Catlin. Mas outras três já se organizam para disputar o nicho:
Zurich — já com autorização da Superintendência de Seguros Privados
(Susep) —, Allianz e Generali. — Este é um mercado emergente, que
tende a crescer muito. Estudos mostram que pode chegar a US$ 5
bilhões em 2018 e US$ 18 bilhões em 2025 em todo o mundo — afirma
José Antônio Varanda, coordenador da Graduação Tecnólogo em Gestão
de Seguros da Escola Nacional de Seguros.
Se nos EUA e na Europa a cultura de
seguros cibernéticos está mais disseminada, no Brasil ainda há
muito a avançar, aponta a gerente de Linhas Financeiras da
corretora Willis Towers Watson, Ana Albuquerque:
— A gente espera que o mercado se
torne mais maduro e ativo no Brasil. Os últimos episódios devem
ajudar.
A AIG foi pioneira nesse mercado, em
2012, seguida pela XL Catlin. O desenvolvimento de produtos em
outras três seguradoras sugere o potencial. O custo costuma ser
maior para quem contrata que outros tipos de seguro. Segundo
Varanda, pode variar entre 0,5% e 1% do valor segurado. Como ainda
não há tantas estatísticas, completa ele, é difícil calcular o
valor do produto.
Perda ou danos de ativos digitais,
lucro cessante, pagamento por sequestro de dados, gastos com gestão
de crises ou administração de danos à imagem estão entre as
coberturas presentes nos seguros contra riscos cibernéticos. Também
costumam estar incluídas despesas operacionais necessárias para que
a empresa retome suas operações no caso de um ataque.
INDENIZAÇÃO A TERCEIROS
Há um cuidado especial para prever
possíveis indenizações a clientes que possam ser prejudicados no
caso de um ataque cibernético, como no caso de instituições
financeiras e hospitais. — É possível optar por pagamento de
indenização no caso de danos à terceiros, como um banco que sofre
um ataque e perde dados de clientes — diz o gerente de Linhas
Financeiras da AIG Brasil, Flávio Sá.
Para o gerente de ameaças cibernéticas
da EY, Luiz Milagres, o seguro deve ser uma alternativa, mas apenas
o último passo em um longo processo de defesa de segurança
cibernética.
— As organizações não se questionam se
vão sofrer um ataque, eles sabem que isso vai ocorrer em algum
momento. A questão é como agir. Há cuidados básicos que podem ser
tomados para evitar problemas, nem tudo é sofisticado — diz o sócio
líder de cibersegurança da EY Brasil, Sergio Kogan.