A saúde é daquelas pautas importantíssimas que até aqui tem passado ao largo das campanhas eleitorais. Segundo levantamento do Datafolha, divulgado na semana passada, a saúde é o principal problema do país, citado por 23% do eleitorado. Violência vem em seguida, com 20% das menções.
O descaso dos presidenciáveis com o tema, espera-se, pode mudar nesta quarta-feira. Às 9h30, na sede da Fiesp, em São Paulo, representantes dos candidatos à Presidência da República vão receber propostas para a saúde elaboradas pelo Icos (Instituto Coalizão Saúde) – grupo formado por farmacêuticas, operadoras de planos de saúde, hospitais e membros da indústria de materiais e equipamentos de saúde.
As sugestões do Icos envolvem aumento de soluções digitais, como prontuários eletrônicos e monitoramento remoto, ampliação da capilaridade da atenção primária com equipes multiprofissionais e implementação de novos modelos de remuneração.
Nos planos de governo, várias das propostas são apresentadas de forma genérica ou sem explicações de onde serão retirados os recursos para a realização dos projetos.
Entre os cinco candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) falam em revogar o teto dos gastos públicos para garantir mais recursos à saúde. O petista propõe ainda a criação do Fundo Social do Pré-Sal, cujos recursos iriam para saúde e educação. Marina Silva (Rede) fala em reverter a tendência de queda de participação da União no financiamento da saúde por meio de uma gestão integrada, sem mais detalhes. Geraldo Alckmin (PSDB) diz que vai garantir a sustentabilidade do setor “revendo seu modelo de financiamento, estrutura e eficiência de gastos” e vai incentivar parcerias público-privadas. Jair Bolsonaro (PSL) diz que os recursos são suficientes e que é possível “fazer muito mais com os atuais recursos”.
Os planos de Alckmin, Bolsonaro, Haddad e Marina propõem criar ou implementar o prontuário eletrônico no SUS. Marina também quer implementar o agendamento eletrônico. O programa de Ciro propõe a criação de um Registro Eletrônico de Saúde que registraria o histórico dos pacientes em todas as esferas do SUS.
Um dos temas polêmicos é o programa Mais Médicos. O plano de governo de Haddad fala em retomar ou ampliar os programas Mais Médicos, Estratégia Saúde da Família, SAMU, Farmácia Popular e Brasil Sorridente. O tucano Geraldo Alckmin sugere fortalecer o Estratégia Saúde da Família, transformando-o numa “porta de entrada” do SUS. Bolsonaro fala em “libertar os irmãos cubanos”, diz que “suas famílias poderão imigrar para o Brasil” e que os médicos receberão integralmente caso passem no REVALIDA, programa de revalidação de diplomas estrangeiros.
Praticamente consenso entre os candidatos é a proposta de melhorar o saneamento básico como medida preventiva. Ainda no campo da prevenção, Marina Silva propõe diminuição dos níveis de poluição do ar, promoção de alimentação saudável e redução do uso de agrotóxicos. Bolsonaro sugere incluir profissionais de educação física no programa de Saúde da Família para diminuir a obesidade e o sedentarismo. Ciro Gomes propõe recuperar a cobertura vacinal. Os programas petista e pedetista são os únicos a propor controle ou combate do Aedes aegypit, transmissor da dengue e de outras doenças.
O duro é fazer desses temas importantes diferenciais que ajudem os candidatos a chegar ao segundo turno nos poucos dias que faltam de campanha.