Programas de Uso Significativo (MU), reforma de saúde e o amor do público por dispositivos móveis são os recursos que finalmente levarão ao completo envolvimento dos pacientes com sua própria saúde
As resoluções de Ano Novo continuam na mente de muitas pessoas. Com os presentes de Natal ganhados na forma de smartphones, iPads e apps relacionados à saúde, há grandes chances de essas resoluções serem cumpridas. Então poderia ser 2012 o ano que possibilitaria o engajamento tecnológico dos pacientes?
As resoluções de Ano Novo podem ser apenas a ponta do iceberg. O uso significativo (MU) e as accontoubale care organizations (ACOs) irão encorajar o engajamento dos pacientes, segundo Patti Brennan, professora de enfermagem e engenharia da University of Wisconsin-Madison e diretora nacional do programa do Project HealthDesign.
O programa, lançado há anos e fundado pela Robert Wood Johnson Foundation, explora maneiras de melhorar os registros pessoais de saúde ao capturar e integrar dados gravados de pacientes.
Patti diz que com MU e ACOs, começa a realmente importar o que acontece com os pacientes quando eles não estão na clínica.
Em primeiro lugar, a lei HITECH mais o programa Meaningful Use (Uso Significativo) de US$27 bilhões, possuem mais médicos no sistema do que dados digitalizados de pacientes. Também, nos Estágios 2 e 3, é esperado interação mais eletrônica entre pacientes e médicos.
Enquanto isso, mais médicos planejam participar das accountable care organizations, cujo modelo de pagamento recompensa fornecedores de saúde por cuidado mais coordenado e melhoria dos resultados dos pacientes.
Para que essas organizações funcionem, os médicos têm que convencer pacientes a se envolverem mais em sua própria saúde – incluindo o uso de seus próprios dados para controlar sua saúde. De fato, pagamento atados com melhores resultados dos pacientes – ajudados pelo uso inteligente de dados dos pacientes – é uma grande ajuda para que fornecedores de saúde participem com mais afinco no engajamento dos pacientes, afirmou Patti.
Ela diz que muitos médicos não querem uma avalanche de novos dados adicionados ao EHR e outros sistemas de software de monitoramento de saúde de seus pacientes ou dispositivos de bem-estar. Isso é especialmente verdadeiro já que a maioria desses dados não melhora o cuidado de emergência.
Entretanto, quando há um problema que requer atenção imediata, as equipes do Project HealthDesign descobriram que o monitoramento de dados do paciente pode ser enviado ou compartilhado com sucesso com outros profissionais, tais como enfermeiras de triagem e gerentes de caso, que podem facilitar a intervenção precoce, ou dar respostas aos pacientes sem sobrecarregar os médicos.
Pacientes com condições crônicas querem uma maneira fácil de monitoramento sem que seja necessário muito esforço, porque quando têm que fazer muitas coisas ou de forma muito frequente, acabam desistindo do monitoramento dentro de poucas semanas ou meses, afirmou Patti.
Mas até o momento, envolver os pacientes em sua saúde – e usando TI para isso – é um desafio, como ficou evidente com o fechamento no ano passado do Google Health, um serviço de registro pessoal de saúde.
No Google, é possível ver que o envolvimento do paciente é muito difícil, afirmou Missy Krasner, ex-executiva do Google Health. Krasner acabou de se juntar a empresa Morgenthaler Ventures como nova executiva, ela ajudará a identificar promessas de TI de saúde nas quais investir. No momento, os produtos de fornecimento de engajamento do paciente estão entre os “que provocam interesse”. O grande desafio é mudar para “continuar em uso após episódios de cuidado”.
Segundo ela, ferramentas incluindo aplicativos móveis que facilitam que pacientes enviem com segurança informações relevantes para seus fornecedores de saúde – mesmo que por meio de mensagem de texto – são promissores. Há plataforma que podem juntar todos os dados gerados pelos dispositivos de monitoramento de saúde, assim, os pacientes com doenças crônicas não precisam consultar vários portais do dispositivo para verem seus dados de saúde.
Krasner acredita que as ferramentas de engajamento de pacientes podem conseguir mais credibilidade – e possivelmente uso mais regular – quando fornecidas por médicos.
De sua parte, o Projetc HealthDesign tem atualmente cinco equipes em projetos explorando como a captura, coleta e compartilhamento de dados registrados dos pacientes podem melhorar a interação entra pacientes e médicos e melhorar os resultados.
O objetivo: observar como pacientes podem coletar, armazenar e usar as observações de vida diária (observations of daily life – ODLs) de forma que ajudem os médicos a tomar decisões e dar insights em sua própria saúde.
“Os ODLs se prestam como sentinelas da saúde pessoal”, afirmou Patti. Ao coletar ODLs, as pessoas pode conseguir pistas sobre saúde que podem levar a mudanças de comportamento.
Por exemplo, em um projeto da Project HealthDesing, pacientes com Crohn, um doença digestiva progressiva, usam iPads e outros dispositivos móveis para rastrear dor, nível de energia e outros sintomas.
Os pacientes podem compartilhar o resumo de seus ODLs com seus médicos durante ou entre as consultas. E a coleta dessas ODLs também pode ajudar os pacientes a reconhecerem padrões envolvendo certos alimentos ou situações que levem ou contribuam para uma imprevisível piora da doença.
Outros projetos do Project HealthDesign incluem o uso de smartphones, outros dispositivos móveis e sensores que coletam dados ODL de pacientes com asma, recém-nascidos com alto risco de saúde, pacientes idosos com risco de demência e adolescentes gerenciando a obesidade.
Até junhos, todos os cinco projetos devem ser encerrados.
Desde o lançamento do programa do Project HealthDesign há vários anos, houve cerca de uma dúzia de equipes com o intuito de “explorar o poder e o potencial da próxima geração de registros pessoais de saúde”.
Durante esse tempo, o conceito de PHRs evolui e “foi repensando de um conjunto de registros do paciente para uma plataforma de ação”, finalizou Patti.
Tradução: Alba Milena, especial para o Saúde Web.