Pesquisa foi feita durante
15 anos com famílias pobres dos Estados Unidos.Resultados foram
publicados na edição da 'Science' desta
quinta-feira.
Estudo feito nos Estados Unidos
aponta que a oferta de melhores condições de vida para famílias
pobres -- como a criação de bairros com melhor infraestrutura e
serviços públicos -- pode trazer mais felicidade do que a elevação
da renda dos moradores.
A investigação, cujos resultados
foram apresentados na edição da revista “Science” desta
quinta-feira (20), tentou "medir" os níveis de
felicidade de moradores participantes de um projeto que envolveu
universidades e o governo federal.
Famílias que moravam em áreas degradadas de
grandes cidades, mas que se mudaram para regiões com melhor
infraestrutura e mais serviços públicos, tiveram alterações
positivas nos níveis de saúde e educacionais -- independente do
aumento de renda.
Conduzida por diversas instituições do país,
como as universidades de Chicago e Harvard, os estudiosos queriam
verificar até que ponto a mudança de um bairro “sofrido”,
com altos índices de violência e pobreza, para um bairro com menos
deficiências poderia interferir na felicidade das
pessoas.
Mudança proporcionou melhora no
bem-estar
Em 1994, quando o estudo foi iniciado, o
governo norte-americano selecionou famílias pobres de Baltimore,
Boston, Chicago, Los Angeles e Nova York para morarem em bairros
populares, construídos pelo poder público. O projeto foi idealizado
pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos
EUA.
Análise feita durante o período médio de 15
anos após a mudança dessas famílias, verificou que os moradores
criaram autossuficiência econômica – ainda que muitos continuem
fazendo parte da faixa de famílias de baixa renda – e apresentaram
melhoras nas taxas de obesidade, depressão e doenças
mentais.
Outro dado importante é que os filhos dessas
famílias se tornaram mais propensos em se formar no Ensino Médio e
menos propensos ao comportamento delinquente ou de
risco.
Segundo a pesquisa, os resultados questionam
a eficácia de projetos públicos de combate à pobreza no país e
aponta que esforços políticos de melhorar condições de
infraestrutura em bairros críticos pode ser uma forma mais eficaz
de melhorar a qualidade de vida da população.
Cerca de 9 milhões de pessoas nos Estados
Unidos vivem na faixa de “extrema pobreza”, em bairros
onde ao menos 40% dos moradores ganham menos de US$ 23 mil ao ano
(renda para uma família de quatro pessoas, baseado em dados de
2011).
Normalmente segregados, com altas taxas de
criminalidade e baixa qualidade na oferta de serviços públicos, os
moradores dessas localidades apresentam reflexos negativos dessa
deficiência em sua saúde.