Dez pessoas foram presas, na terça-feira (11), no interior de São Paulo, acusadas de montar um esquema para desviar recursos públicos destinados à saúde. Computadores, documentos e cerca de R$ 1 milhão em dinheiro foram apreendidos em poder dos supostos criminosos na Operação Atenas, ação conjunta do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil. No final do dia, quatro dos detidos aceitaram colaborar com a Justiça e foram soltos. Além de Itapetininga (SP), onde foi feita a maioria das prisões, o grupo tinha ramificações em outras cidades paulistas, como a capital, e também em Araranguá (SC) e no Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com promotores, a quadrilha usava empresas de fachada para fraudar licitações e desviar recursos mediante o pagamento de notas fiscais frias ou superfaturadas. Faziam parte do esquema as associações civis Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) e Instituto SAS, que atuavam no Hospital Regional de Itapetininga e na prefeitura da cidade. O grupo pagava propina a agentes públicos para direcionar contratos ao SAS.
A associação e o instituto, embora independentes juridicamente, tinham um administrador comum, Fábio Berti Carone, acusado de chefiar o esquema. O dinheiro apreendido, em notas de reais, dólares, euros, pesos argentinos e pesos chilenos, estava em um cofre e em uma mala, na casa de Carone, em São Paulo. Há indícios de que os recursos ilegais tenham sido usados para financiar campanhas políticas. Pelo menos um prefeito é suspeito de receber propina - o caso será investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça, órgão máximo do MPE.
As investigações foram desencadeadas pelo depoimento do vice-prefeito, então secretário de Saúde de Itapetininga, Geraldo Miguel de Macedo, que apontou irregularidades no termo de parceria entre o SAS e a prefeitura para a administração do Hospital Regional de Itapetininga. Os acusados - médicos, empresários, advogados e servidores públicos, entre eles a administradora do hospital, Vilma Aparecida de Oliveira - tiveram decretada a prisão temporária por cinco dias.
Pelo menos 15 empresas envolvidas com a suposta quadrilha estão sob investigação. Também foram identificados contratos possivelmente fraudados em hospitais da capital, de São Miguel Arcanjo e Americana, no interior, e de Araçariguama e Vargem Grande Paulista, na Grande São Paulo. Os valores desviados não foram divulgados.