Cientistas suíços conseguiram reprogramar o sistema imunológico de cobaias para eliminar uma doença autoimune, abrindo o caminho para tratamentos contra a diabetes infantil ou a esclerose múltipla em humanos, segundo estudos publicados esta segunda-feira nos Estados Unidos.As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico ataca as células do próprio organismo.Os cientistas conseguiram atacar em ratos os linfócitos T, que têm a chave da imunidade celular e cuja disfunção é responsável pela diabetes juvenil, ao atacar as células do pâncreas.
Para eliminar a agressividade destes glóbulos brancos, os cientistas utilizaram uma proteína modificada que, ao ser testada em ratos de laboratório, permitiu eliminar totalmente os sintomas da doença.Segundo biólogos da Escola Politécnica Federal de Lausanne, esta técnica pode se tornar muito promissora para tratar a diabetes juvenil - também conhecida como tipo 1 - e a esclerose múltipla em humanos.
Os primeiros testes clínicos deverão ocorrer em 2014 para tratar, em primeiro lugar, os efeitos colaterais induzidos no sistema imunológico para o tratamento da gota, uma doença crônica vinculada ao metabolismo do ácido úrico."Escolhemos começar com esta aplicação antes da diabetes ou da esclerose para que possamos dominar e compreender todos os parâmetros", explicou Jeffrey Hubbell, um dos co-autores do estudo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS), datada de 17 a 21 de dezembro.
Segundo Stephan Konton, outro co-autor, o principal aporte deste novo trabalho é sua extrema precisão."Nosso método comporta poucos riscos e não deve produzir importantes efeitos colaterais, na medida em que não atacamos o sistema imunológico de forma conjunta, mas unicamente o tipo de linfócitos T implicados nesta doença", explicou em um comunicado.Os pesquisadores criaram uma empresa, Anokion SA, para realizar os testes clínicos.O grupo começou a fazer experimentos no laboratório para demonstrar o potencial deste novo tratamento para a esclerose múltipla, uma doença em que os linfócitos T destroem as células da mielina que formam uma camada protetora ao redor das fibras nervosas.
Além disso, os cientistas estudam o potencial de sua técnica com outro tipo de glóbulos brancos, os linfócitos B, que desempenham um papel importante em muitas outras doenças autoimunes.