Com o envelhecimento da população, são cada
vez mais freqüentes os diagnósticos de doenças neurodegenerativas,
isto é, doenças que levam à perda de funções neurológicas por
processos destrutivos diversos. Dentre os processos
neurodegenerativos mais comuns, encontra-se a doença de
Alzheimer.
A doença de Alzheimer é uma causa (a primeira ou a segunda, na
maioria dos estudos) de demência.
Demência é um distúrbio mental irreversível, que atinge geralmente
idosos ainda que possa acometer adultos e jovens mais raramente. As
alterações intelectuais da demência são de intensidade variável e
envolvem diversos domínios da capacidade mental: a memória
(capacidade de lembrar fatos passados), a linguagem (capacidade de
comunicação), as habilidades motoras (coordenação e noção de
localização espacial), as emoções (o modo de ser ou
“personalidade”), a cognição (capacidade de fazer abstrações e
julgamentos, também de fazer cálculos).
A história típica de doença de Alzheimer é a de indivíduos acima
dos 60 anos de idade que começam primeiro a apresentar “lapsos” de
memória e depois passam a fazer confusões com objetos, com datas,
com as finanças, perdem-se em lugares antes conhecidos, mudam seu
modo de ser, etc. É uma história lenta e progressiva. É preciso
estar atento porque muitas pessoas acham que é normal da idade
haver falhas de memória.
É verdade, que mesmo o envelhecimento saudável está associado a um
grau de diminuição de velocidade de raciocínio, mas, em situações
normais, mesmo os mais idosos, deveriam permanecer com todas as
suas capacidades intelectuais preservadas ainda que às vezes um
pouco menos ágeis. Isto significa que o normal é envelhecer com boa
memória mantendo a própria autonomia.
A doença de Alzheimer ainda não tem cura. Há remédios que podem
controlar alguns dos seus sintomas, mas a progressão é inevitável.
Do momento do diagnóstico até o final de vida do paciente, podem
passar de três a quinze anos, mais ou menos. Em média, esses
pacientes vivem cerca de oito anos. O diagnóstico de certeza só
seria possível com a realização de biópsia cerebral, o que não é
feito na prática. Por isso, ele é geralmente inferido pelas
características clínicas dos sinais e sintomas do paciente e pela
exclusão de outros diagnósticos, por meio de exames laboratoriais e
de imagem.
É importante procurar ajuda especializada quando um idoso começa a
ter “falhas” de memória. Pode ser o início de um processo
demencial, porém podem ser outras doenças. O importante é não
acharmos “normal da idade”. Quando achamos normal, não tomamos
providências e podemos deixar de prevenir causas reversíveis de
perda de memória. Além do mais, mesmo que o diagnóstico seja de um
processo irreversível, o conhecimento do fato é essencial para
aprendermos a lidar com a situação.
Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral
e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia.
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