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Alzheimer, e agora?

Fonte: Segs Data: 29 junho 2010 Nenhum comentário
Com o envelhecimento da população, são cada vez mais freqüentes os diagnósticos de doenças neurodegenerativas, isto é, doenças que levam à perda de funções neurológicas por processos destrutivos diversos. Dentre os processos neurodegenerativos mais comuns, encontra-se a doença de Alzheimer.

A doença de Alzheimer é uma causa (a primeira ou a segunda, na maioria dos estudos) de demência.

Demência é um distúrbio mental irreversível, que atinge geralmente idosos ainda que possa acometer adultos e jovens mais raramente. As alterações intelectuais da demência são de intensidade variável e envolvem diversos domínios da capacidade mental: a memória (capacidade de lembrar fatos passados), a linguagem (capacidade de comunicação), as habilidades motoras (coordenação e noção de localização espacial), as emoções (o modo de ser ou “personalidade”), a cognição (capacidade de fazer abstrações e julgamentos, também de fazer cálculos).

A história típica de doença de Alzheimer é a de indivíduos acima dos 60 anos de idade que começam primeiro a apresentar “lapsos” de memória e depois passam a fazer confusões com objetos, com datas, com as finanças, perdem-se em lugares antes conhecidos, mudam seu modo de ser, etc. É uma história lenta e progressiva. É preciso estar atento porque muitas pessoas acham que é normal da idade haver falhas de memória.

É verdade, que mesmo o envelhecimento saudável está associado a um grau de diminuição de velocidade de raciocínio, mas, em situações normais, mesmo os mais idosos, deveriam permanecer com todas as suas capacidades intelectuais preservadas ainda que às vezes um pouco menos ágeis. Isto significa que o normal é envelhecer com boa memória mantendo a própria autonomia.

A doença de Alzheimer ainda não tem cura. Há remédios que podem controlar alguns dos seus sintomas, mas a progressão é inevitável. Do momento do diagnóstico até o final de vida do paciente, podem passar de três a quinze anos, mais ou menos. Em média, esses pacientes vivem cerca de oito anos. O diagnóstico de certeza só seria possível com a realização de biópsia cerebral, o que não é feito na prática. Por isso, ele é geralmente inferido pelas características clínicas dos sinais e sintomas do paciente e pela exclusão de outros diagnósticos, por meio de exames laboratoriais e de imagem.

É importante procurar ajuda especializada quando um idoso começa a ter “falhas” de memória. Pode ser o início de um processo demencial, porém podem ser outras doenças. O importante é não acharmos “normal da idade”. Quando achamos normal, não tomamos providências e podemos deixar de prevenir causas reversíveis de perda de memória. Além do mais, mesmo que o diagnóstico seja de um processo irreversível, o conhecimento do fato é essencial para aprendermos a lidar com a situação.

Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
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