Um time de pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, nos
EUA, conseguiu "cultivar" um rim em laboratório e transplantá-lo
para um rato, onde ele começou a produzir urina.
A técnica, apresentada na revista científica "Nature Medicine", não
produz rins tão eficientes como os naturais --quando foi testado, o
rim artificial produziu 23% da urina de um natural, e depois de
transplantado em um rato, a sua eficiência caiu 5%. Mas, segundo
especialistas em medicina regenerativa, a técnica representa uma
enorme promessa.
Segundo Harald Ott, do Centro de medicina Regenerativa do
Hospital Geral de Massachusetts e líder da pesquisa, se o que deu
certo nos ratos puder ser adaptado para a escala humana, então
pacientes que esperam por um rim doado poderiam teoricamente
receber um novo órgão derivado de suas próprias células. Isso
diminuiria bastante o risco de rejeição e aumentaria o número de
rins disponíveis.
Na técnica desenvolvida, os pesquisadores americanos usaram um
rim de rato e aplicaram uma espécie de detergente para retirar as
células velhas.
A teia de células restante, formada por proteínas, possui a forma
do rim, e inclui uma intrincada rede de vasos sanguíneos e tubos de
drenagem.
Essa rede de tubos foi utilizada para bombear as células
adequadas dentro do rim, onde se juntaram com a "armação" para
reconstruir o órgão, que foi mantido em um forno especial por 12
dias para imitar as condições no corpo de um rato e depois
transplantado.
Segundo Ott, a baixa eficiência do rim artificial não é um
problema, já que a restauração de uma pequena fração da função
normal já pode ser suficiente: "Se você estiver em hemodiálise, uma
função renal de 10% a 15% já seria suficiente para livrar o
paciente desse tratamento. Ou seja, não temos que ir até o fim
(garantir os 100% da função renal)."
Ele disse que o potencial é enorme: "Se você pensar sobre os
Estados Unidos, há 100 mil pacientes aguardando por transplantes de
rim e há apenas cerca de 18 mil transplantes realizados por
ano."