No mundo, ainda são relativamente poucos os estudos sobre a
incidência e mortalidade por câncer em adultos jovens ou que
exploram as características biológicas desses tumores. Mas,
atualmente, cresce o interesse internacional pelo câncer na
população referida, em parte por causa do progresso limitado no
tratamento oncológico nessa faixa etária, em comparação com
crianças ou adultos mais velhos. Tipos de câncer como de mama,
colorretal, sarcoma de tecidos moles, linfoma não Hodgkin e
leucemia com frequência apresentam pior sobrevida em adolescentes
(15-19 anos) e adultos jovens (20-24 anos) quando comparados com
outras faixas etárias. Essas questões foram abordadas por um estudo
de autoria dos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública
(Ensp/Fiocruz) Sabrina da Silva Santos, Leticia Rodrigues Melo,
Rosalina Jorge Koifman e Sergio Koifman.
“Uma possível explicação para essa heterogeneidade é que a maioria
dos tratamentos administrados aos adolescentes e adultos jovens foi
derivada de terapias originalmente projetadas para outras faixas
etárias, além da relativa falta de ensaios clínicos e estudos com
amostras de tumores de pacientes”, explicam os pesquisadores.
Segundo eles, esse cenário pode ter levado a uma falta de
oportunidades para explorar e descobrir possíveis diferenças
biológicas entre tumores em adolescentes e adultos jovens e aqueles
em outras faixas etárias. Além disso, acrescentam os autores da
investigação, o câncer em jovens está associado a uma carga
emocional particularmente significativa e, muitas vezes, é difícil
para eles aceitarem tratamentos que comprometam sua independência
ou possam ter efeitos duradouros sobre sua imagem corporal e
fertilidade.
Conforme relata a pesquisa, a maioria dos tumores conhecidos
consiste em tumores esporádicos, isto é, eles afetam indivíduos sem
uma história familiar de cancro aglomerados. Esse extrato de idade
raramente envolve síndromes hereditárias de câncer, ou seja,
aqueles em que os indivíduos têm alto risco de vida de
desenvolvimento de uma neoplasia.
A pesquisa ainda aponta o câncer de testículo como a principal
localização anatômica em homens, e as neoplasias da glândula
tireoide, do colo de útero e a doença de Hodgkin nas mulheres. Já o
câncer de encéfalo foi a principal causa de óbito por câncer em
ambos os sexos, e a tendência temporal da mortalidade mostra
aumento da mortalidade por câncer de encéfalo em homens e pela
leucemia linfoide em ambos os sexos. Em conjunto, os resultados
apresentados retratam um padrão epidemiológico de câncer em adultos
jovens no Brasil com características regionais de distribuição.
O objetivo do estudo da Ensp foi explorar a distribuição de câncer
em adultos jovens no Brasil, por meio de um estudo descritivo da
incidência em capitais selecionadas, da morbidade hospitalar e da
mortalidade no Brasil e em capitais selecionadas por câncer entre
20 e 24 anos no período de 2000-2002, e da evolução das taxas de
mortalidade por câncer no Brasil no período de 1980-2008 na mesma
população.