Pressionada pelas manifestações nacionais das últimas semanas, a presidente Dilma Rousseff reafirmou em pronunciamento na sexta-feira (21) que deve acelerar o plano do governo de trazer milhares de médicos estrangeiros para reduzir o déficit de profissionais na rede pública do País. Entidades médicas nacionais vieram a público no dia seguinte (sábado, 22) para repudiar o anúncio.
No documento, as entidades – Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Nacional dos Médicos Resisdentes (ANMR), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – cobraram mais investimentos na área da saúde e a qualificação do setor, e prometeram usar todos os mecanismos possíveis, inclusive judiciais, para barrar a decisão.
“O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha nacional”, diz o texto. “Ele expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências não foram devidamente comprovados.”
Para as entidades, as recentes manifestações fazem coro por mais investimentos do Estado na área de saúde, e a vinda de médicos estrangeiros é uma medida com valor inócuo e paliativo, que esconde os reais problemas que afetam o SUS (Sistema Único de Saúde).
Retaliação
Para demonstrar a insatisfação da categoria com a medida do governo, a Fenam, o CFM e a AMB convocaram uma coletiva de imprensa para a próxima quarta-feira (26) no qual devem anunciar um calendário de manifestações, incluindo uma greve nacional dos médicos contra a política de importação anunciada pela presidente Dilma. Segundo as entidades, a medida atende pedidos nas redes sociais “para que as entidades médicas organizem a mobilização”.
Geraldo Ferreira, presidente da Fenam, diz que não vê outra alternativa senão uma paralisação geral como forma de alerta e protesto. Em nota a entidade defende que o governo federal realize concurso público de forma emergencial para atenuar o problema, empregando médicos brasileiros. Segundo Ferreira, 17 mil profissionais se formam anualmente no País e estão subempregados, vivendo de bicos ou com contratos precários.