Dois anos de trabalho remunerado no SUS serão suficientes para que um estudante de medicina se torne efetivamente um médico mais preparado, experiente e seguro para atuar no sistema de saúde brasileiro, cada vez mais complexo. Assim o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu a mudança no currículo dos cursos de graduação proposta pelo Programa Mais Médicos, em um artigo publicado nesta segunda-feira (15) no blog do jornalista Ricardo Noblat.
A proposta de alteração na grade curricular foi encaminhada ao Congresso, ao Conselho Nacional de Educação (CNE) e à Comissão Nacional de Residência, e prevê dois anos de treinamento remunerado na atenção básica e em emergências do Sistema Único de Saúde após a conclusão dos atuais seis anos de curso. No texto, Padilha diz que a mudança é inspirada em medidas semelhantes de países como Inglaterra, Suécia, Portugal e Espanha com objetivo semelhante: preparar os médicos para fornecer cuidado continuado, multiprofissional e com mudanças nos hábitos de vida.
As regras só valerão para ingressantes em medicina a partir de 2015. O treinamento em serviço da Atenção Básica e Urgência/Emergência acontecerão em unidades ligadas às faculdades, o que para Padilha aproximará a escola da rede de saúde.
Para o ministro, a formação dos médicos atualmente é fragmentada por especialidades e desconsidera o acompanhamento continuado dos pacientes. “O médico ainda em formação vê hoje o paciente aos pedaços, pelo corte da especialidade, e não integralmente”, escreveu, salientando que o perfil de saúde da população mudou, e que as doenças exigem cuidado continuado de um médico “antes de tudo especialista em gente”.