Em convênio com o Ministério da Saúde e com a coordenação técnica da Fiocruz, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou ontem a coleta de informações da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013. Até novembro, cerca de mil entrevistadores visitarão 80 mil domicílios em 1,6 mil municípios do Brasil para conhecer a saúde e o estilo de vida da população.
A pesquisa também tem o objetivo de produzir dados sobre acesso e uso dos serviços de saúde, ações preventivas, continuidade dos cuidados e financiamento da assistência de saúde. O planejamento consiste em duas etapas. A primeira será o preenchimento de um questionário que captará informações de todos os moradores, em todos os domicílios visitados. Além disso, será selecionado um morador, maior de idade, que responderá outro questionário e terá medidos peso, altura, cintura e pressão arterial. A escolha desse morador será feita aleatoriamente, pelo computador de mão do agente de pesquisa, no momento da entrevista. Já a segunda etapa será aplicada em 25% das áreas visitadas e esse mesmo morador maior de idade fará exames laboratoriais de sangue e urina
A coleta da PNS começa pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Roraima, Amapá e Rio Grande do Sul e, nas próximas semanas, alcançará todas as unidades da federação. A previsão é que a pesquisa seja realizada a cada cinco anos, com detalhamento nos níveis Brasil — grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas e capitais. Os primeiros resultados devem ser divulgados em 2014.
Conforme informações do IBGE, todas as informações coletadas têm sua confidencialidade garantida pela lei do sigilo da informação estatística (lei nº. 5534) e só podem ser utilizadas para fins estatísticos.
Inédita
Pela primeira vez por meio de perguntas e exames, uma pesquisa do IBGE busca conhecer as relações entre o estilo de vida e a saúde da população e produzir informações sobre o atendimento à saúde nas redes pública e particular. A PNS faz parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE (SIPD). Ela dá continuidade a um ciclo de investigações, realizados a cada cinco anos, desde 1998, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e seus suplementos de saúde.
A Pesquisa dará suporte a diversas políticas públicas, como o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, Brasil Sorridente, a Rede Cegonha e outras.
Sobre a coleta
Na amostra de sangue, serão feitos exames de hemoglobina glicada, colesterol, hemograma, hemoglobina S e outras hemoglobinopatias, creatinina e sorologia da dengue. Na urina serão analisadas a dosagem de sódio, de potássio e creatinina. O laboratório credenciado pelo Ministério da Saúde fará contato diretamente com o morador para agendar o dia dos exames.
O entrevistado não precisará sair de casa: a coleta será feita em domicílio, e também não será necessário ficar em jejum. Feitos os exames, o morador selecionado escolherá como prefere receber os resultados: correio ou disponibilizado na internet. Devido à importância da ação, o Diário do Sudoeste ouviu opiniões de alguns secretários municipais de Saúde da região Sudoeste do Paraná:Antonieta Chioquetta, secretária municipal de Saúde de Pato Branco – Eu acredito que o IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, vá treinar estes profissionais. Se eles estiverem qualificados, haverá um resultado bastante significativo para traçar um perfil das principais doenças que existem, além do que o governo federal vai querer investir mais nisso e o que está precisando para melhorar os indicadores de saúde no país. Isso vem a somar com todos os projetos que o Ministério repassa aos municípios e para avaliar que os valores que ele manda às cidades são muito poucos, em relação a tudo o que se tem que investir para manter unidades, segurança e profissionais.Liliane Guarrezi Fontanive, diretora do Departamento Municipal de Saúde de Coronel Vivida – Acho boa a iniciativa, mas preciso estudar mais a fundo a Pesquisa.
É como se fosse um mapeamento da saúde da população. Isso vem a somar, para termos um geral da saúde do brasileiro. Procuramos trabalhar muito com a questão da prevenção, então acredito que a população irá receber bem a proposta. Não sei se com isso o Ministério da Saúde vai conseguir ter uma análise de toda a população brasileira, mas em cima da Pesquisa será possível dar um direcionamento diferente de acordo com cada região.Terezinha Salvalaio Zilio, secretária municipal de Saúde de Vitorino – Eu acho que é válida a tentativa. Acredito que as pessoas vão participar, mas não todas, porque a população é muito desconfiada, principalmente na questão da coleta de sangue. Observando Vitorino, a população é muito participativa em todos os programas e campanhas que são feitas no município. A comunidade é participativa, mas sempre há pessoas que não fariam, mas a proposta do governo é válida.
Bernardete Simionato Gedoz, secretária municipal de Saúde de Mariópolis – Ainda não estou inteirada totalmente do assunto, mas é preciso ter cautela com a Pesquisa, já que, quando o morador procura uma unidade de saúde, o médico já pede estes exames. A proposta é valida, afinal de contas é uma prevenção. Você está fazendo este exame para ver o estado da população e, com isso, trabalhar com programas preventivos. Em Mariópolis, toda a comunidade procura as unidades de saúde em busca de exames e modos de prevenção a sua saúde. No município, a população participaria, sim, desta nova proposta.