Investimentos em tecnologia são,
normalmente, percebidos por colaboradores de uma empresa apenas
quando se traduzem em resultados na rotina de diferentes
departamentos, colaboradores e clientes. No caso do Hospital
Evangélico de Londrina, no Paraná, no entanto, essa tradução foi
mais que perceptível: transformou uma das atividades centrais do
hospital.
A instalação do sistema Intera (a
nomenclatura sugere a interação entre homem e máquina, médico e
tecnologia, instituição e paciente) começou ainda no ano passado, a
partir de uma necessidade identificada pelos médicos que trabalham
na instituição. “Algumas especialidades médicas cirúrgicas precisam
contar, nas salas cirúrgicas, com imagens radiológicas durante o
procedimento, já que ele é guiado por essas imagens. Durante muitos
anos isso foi feito com filme comum”, relata o presidente do
Hospital Evangélico de Londrina, Luiz Soares Koury. Mudar uma
estrutura estabelecida por décadas, no entanto, não é
simples.
Entre as opções que se
apresentavam na ocasião, estavam a instalação de um computador em
cada sala cirúrgica, mas logo se identificou o problema da
esterilização e limpeza do equipamento. Outra proposta foi o
desenvolvimento para tablets, que seriam manuseados dentro de um
saco plástico.
E foi no meio de uma conversa
sobre o tema, envolvendo a equipe de Tecnologia da Informação que
surgiu a ideia, proposta por um funcionário, de usar o Kinect
(sensor de movimentos desenvolvido para videogames pela empresa
Microsoft) e um módulo para fazer a interface, afinal, com um
pendrive ou DVD, é possível inserir as imagens e proporcionar que o
médico as manuseie com movimentos a distância.
O
retorno
A vantagem, além do sistema
funcional, é a possibilidade de ver mais detalhes e a imagem em
movimento. Nem tudo foi perfeito, no entanto. Quando começou a se
organizar o projeto, houve uma terceirização da área operacional da
TI, e o funcionário que propôs a inserção da nova ferramenta pediu
demissão. A empresa responsável pela oferta do equipamento
também mudou a tecnologia de um ano para o outro, tornando o
equipamento, comprado em 2012, obsoleto. Com isso, a direção do
hospital teve que negociar mais uma vez a troca das
estruturas. Enfrentando os percalços, o projeto entrou em
execução novamente há cerca de três meses após ter
sido tirado do papel no ano passado.
Apesar do pouco tempo, segundo o
presidente do hospital, a aceitação tem sido bastante expressiva. O
equipamento está em três salas das 12 existentes no local, e a meta
é chegar a seis. Isso porque locais para salas de maternidade ou
ginecologia, plástica e obstetrícia não demandam a existência de
imagens radiográficas. “Quem já havia usado, pegou rápido. É
simples. Basta uma demonstração e sequer é necessário um
treinamento específico ou detalhado”, detalha Koury.
Expectativa
Com o sistema, a expectativa é
diminuir os riscos, aumentando a precisão na avaliação de imagens.
E para um futuro não tão distante, espera-se que os médicos possam
usar o sistema também em rede, ou seja, quando o exame for
realizado no próprio hospital, basta o médico acessar a pasta
online, puxar a imagem, e consultar os dados para a cirurgia. “E
isso vai alimentar outra possibilidade, como enquanto um médico
opera um paciente, outro chega e faz uma tomografia. O mesmo
sistema permitirá que se veja dois pacientes”, explica Koury. Com o
sistema também se pode ampliar, excluir, organizar as imagens e
ainda assistir vídeos e exames em movimento, como no caso das
arteriografias. Porém, o executivo lembra que apesar da inovação, o
sistema antigo continuará coexistindo porque ainda é
necessário.
A meta é diminuir a chance de
erros e há um projeto maior por trás das iniciativas. “Estamos em
busca de acreditação e esta é mais uma ferramenta nesse sentido. Já
temos um sistema de check-list da cirurgia segura, onde, ainda
antes da anestesia do paciente, algumas perguntas padronizadas são
feitas, diminuindo o risco de evento adverso”, lembra o presidente
do hospital, exaltando as iniciativas para conquistar a acreditação
já a partir do ano que vem.