Congresso da Socesp (XXXV),
realizado entre os dias 21 e 23 de março, apresentou tecnologia que
possibilita o controle do coração do paciente à distância, sendo
uma importante ferramenta para portadores de marcapasso ou outros
dispositivos cardíacos (DCEI – Dispositivo Cardíaco Eletrônico
Implantével).
Apelidado pelos cardiologistas de
Big Brother do coração, o dispositivo, que parece um celular e pode
ser carregado no bolso, tem condições de obter informações
diagnósticas que são encaminhadas periodicamente para uma central e
um médico responsável. No caso de um dado muito relevante, um
alerta é enviado por email ou até mesmo SMS para o celular do
médico. O aparelho, que ainda não é pago pelo SUS no Brasil, custa
em média o valor de um aparelho celular.
Além de monitorar o ritmo cardíaco
e o estado do sistema de estimulação cardíaca artificial, o
dispositivo também pode obter e passar informações clínicas do
paciente tais como: arritmias atrial e/ou ventriculares, quantidade
de fluidos no tórax, diagnosticando precocemente insuficiência
cardíaca: “Se, por exemplo, as taxas de fluidos estiverem altas,
pode ser uma indicação de que o paciente está entrando em
insuficiência cardíaca de maneira bastante precoce, quando o
paciente ainda não apresenta nenhum sintoma clínico” afirma o
especialista.
Segundo o cardiologista Silas
Galvão, existem dificuldades para o controle de pacientes
portadores de DCEI no Brasil e no mundo. O acompanhamento de um
paciente portador desses dispositivos, de acordo com os protocolos
médicos, deve ser iniciado nos primeiros 30 dias após o implante;
seguido de revisões geralmente de três em três meses no 1º ano e de
seis em seis nos anos subsequentes, exceto para casos
especiais.
Para isso, é demandada grande
número de consultas que dificilmente são possíveis de ser efetuadas
na sua totalidade pelas clínicas de estimulação cardíaca
artificial. “A monitorização remota, já bastante utilizada nos
Estados Unidos e Europa, além de minimizar esse problema pode até
mesmo salvar vidas, ao aumentar a eficiência no acompanhamento”
explica Galvão, em comunicado.
No Brasil o sistema já está
disponível desde 2004, no entanto não conseguiu grande aderência da
comunidade científica em virtude de diversas dificuldades
encontradas na época. “Agora, com aumento da complexidade dos
dispositivos, assim como a melhoria das telecomunicações e do
sistema de transmissão em nosso País, estamos investindo em uma
estrutura que conta com médico, enfermeira e auxiliar de
enfermagem, exclusivamente dedicados para a avaliação e
monitoramento remoto de seus pacientes”, conta o
cardiologista/ritmologista e palestrante do evento, Carlos Eduardo
Duarte.
Segundo Carlos Duarte, o
monitoramento remoto promove melhor aderência do paciente, redução
da taxa de internação hospitalar por insuficiência cardíaca,
diagnóstico precoce de episódios de FA assintomáticos, assim como
redução da taxa de choque inapropriado em portadores de
cardioversor desfibrilador implantável (CDI). “A detecção de
arritmias potencialmente graves foi antecipada em até 40 dias em
alguns casos e redução de até 45% das consultas
presenciais/paciente/ano”, conclui.