O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) adquiriu os registros de dois medicamentos considerados estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Um deles é um antirretroviral que associa dois princípios ativos em um único comprimido: Fumarato de Tenofovir Desoproxila 300 mg + Lamivudina 300mg, popularmente conhecido como 2 em 1. O outro é o Cabergolina 0,5 mg, indicado para o tratamento do excesso de produção do hormônio feminino prolactina ou hiperprolactinemia.
Os registros foram publicados no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (31), por meio da Resolução nº 1150, de 28 de março de 2014.
Ambos os medicamentos são frutos de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs). Conforme os acordos, enquanto Farmanguinhos recebe a tecnologia de produção dos medicamentos, uma empresa farmoquímica nacional adquire a tecnologia para a produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Segundo a coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos, Kátia Miriam, esta é uma estratégia necessária para fortalecimento deste setor no Brasil.
“No caso do antirretroviral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz frequentes reavaliações dessa terapia, o que pode modificar dosagens e formulações dos medicamentos. Portanto, é importante para Farmanguinhos adquirir e aprimorar essas tecnologias”, destaca. Ela informa ainda que este tipo de formulação em Dose Fixa Combinada traz dois grandes benefícios: “Além de melhorar a adesão, já que se trata de dois fármacos em um único comprimido, o custo é mais baixo”, avalia. Ela frisa ainda que a unidade está apta a fabricar os medicamentos, só aguarda o solicitação do Ministério da Saúde para iniciar a produção.
Com o registro garantido, o 2 em 1 contra a Aids será fabricado por Farmanguinhos em parceria com a empresa Blanver. Segundo a gerente do projeto de transferência de tecnologia, Maristela Rezende, a produção do 2 em 1 por Farmanguinhos significa a garantia do fornecimento do medicamento para a rede pública de saúde. “Além disso, estima-se com esse projeto uma economia de cerca de R$ 215 milhões aos cofres públicos ao longo dos cinco anos de acordo”, frisa.
Abastecimento
O Cabergolina resulta também de uma PDP envolvendo o Instituto e a Fundação Baiana de Pesquisa Científica, Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma).Além de tornar disponível o medicamento na rede pública de saúde, a iniciativa possibilita a instalação de um novo polo produtor público no mercado da saúde, o que contribuirá para a descentralização da produção nacional da indústria farmacêutica e farmoquímica para a região nordeste do país.
Gerente do projeto de transferência de tecnologia do Cabergolina, Alessandra Esteves informa que a produção na planta da unidade atenderá a 50% da demanda nacional. Ficando a outra metade sob a responsabilidade da Bahiafarma.“A previsão é de que a partir de 2018 o instituto produza cerca de 9 milhões de unidades farmacêuticas por ano. Além de atender às necessidades de SUS, a produção desta categoria de medicamento é uma forma de diversificar o portfólio de produtos de Farmanguinhos”, observa.
Atualmente, o Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM) de Farmanguinhos, localizado em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, produz outros antirretrovirais, anti-hipertensivos, anti-helmínticos, anti-anêmicos, antibióticos, antimaláricos, antiparasitários, antidiabéticos, anti-infecciosos tópicos, anti-virótico, anti-convulsivantes, anti-ulcerosos, anti-parksoniano, antineoplásico, betobloqueadores, diuréticos, hanseolíticos, hanseonostáticos, hormônios corticosteroides, imunossupressor, neurolépticos, tuberculostáticos, vitaminas e suplementos.