Demora na aprovação de produtos, excesso de
formulários e atraso na divulgação de dados setoriais são apenas
algumas das muitas reclamações que o novo superintendente da Susep,
Roberto Westenberger, ouve desde março, quando assumiu o órgão
regulador e fiscalizador do mercado de seguros. Em busca de uma
solução para problemas desse tipo, uma das primeiras ações de
Westenberger à frente da autarquia sair à procura de um
financiamento do Banco Mundial para viabilizar sua agenda de
modernização. O desafio de Westenberger é automatizar a gestão
interna e facilitar a comunicação com as seguradoras, de forma a
acelerar a administração e direcionar os esforços também para o
desenvolvimento do mercado, e não só para a sua fiscalização e
punição – o foco da gestão anterior.
Os
números do setor relativos ao fechamento de 2013, por exemplo, só
foram disponibilizados no site da autarquia ontem. Ou seja, quase
seis meses após o término do ano. Entre outros motivos, isso
acontece porque a Susep ainda vive na era do papel, e não dos
processos eletrônicos.
“Estamos retomando vínculos com o Banco Mundial
para abrir um canal de financiamento para o nosso projeto de
modernização. Fizemos a conta, e a automação vai necessitar de
recursos acima do que está orçado para TI [tecnologia da
informação], então estamos buscando fontes alternativas”, disse
Westenberger. O projeto deve demandar cerca de US$ 1 milhões, valor
que poderá ser custeado por uma linha do Banco Mundial para
entidades reguladoras.
O
executivo diz que além de papel, o processo burocrático atual
consome muita mão de obra de uma equipe qualificada – a autarquia
tem mestres e doutores em seus quadros. “A ideia é que processos
que envolvam papéis sumam, e essa informação vá para dentro de uma
estrutura de TI”, disse o superintendente. Para isso, está sendo
criada uma equipe de trabalho interna para a revisão da estrutura
de tecnologia da autarquia.
A
pauta de modernização também passa pelo marco regulatório do setor,
com a adoção de princípios de regras de solvência praticadas na
Europa, a Solvência II. As atuais normas de requerimento de capital
das companhias do mercado já são em grande parte alinhadas com
essas normas, mas Westenberger quer incluir também práticas de
avaliação da qualidade de gestão das seguradoras.
Na
ponta do desenvolvimento do mercado, Westenberger está criando um
“laboratório de produtos”, em que a Susep vai coordenar grupos de
trabalhos com representantes do mercado para fomentar a criação de
seguros e planos de previdência que ainda não existem no país, mas
são comuns lá fora. “Há uma falta de coberturas no país”, diz.
Entre os primeiros produtos que devem ser discutidos estão o seguro
popular de automóveis – que prevê o uso de peças recicladas no
conserto dos veículos-, apólice de longevidade para fundo de pensão
e coberturas de seguro de vida diferenciadas.
Para
concretizar esses projetos, não é necessário aumentar o atual
quadro de funcionários da Susep, formado por cerca de 470
profissionais, segundo o superintendente. “Com a automação dos
processos, não precisamos aumentar a equipe, mas sim a sua
produtividade”, diz.