A lei do desmonte pode reduzir o custo de apólices de automóveis em 20% e atrair aproximadamente 3 a 4 milhões de segurados, por meio dos seguros populares, comenta o diretor de auto e massificados da SulAmérica Seguros, Eduardo Dal Ri. A lei, que foi elaborada pelo deputado Armando Vergilio (SDD-GO) e sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em 20 de maio, tem o objetivo de combater as quadrilhas que roubam carros para vender peças em desmanches.
O diretor da SulAmérica disse que a exemplo da Argentina, que teve uma redução acima de 50% em furto e roubo, estima-se que o Brasil alcance a mesma porcentagem. Na prática, os desmanches deverão ser regulamentados e fiscalizados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de cada estado. Segundo Dal Ri, todo o estoque do estabelecimento deverá estar identificado e ter nota fiscal. “As próprias seguradoras não poderão vender ou leiloar seus salvados [carros que sofreram perda total e foram restaurados] para desmanches que não tenham registro”, afirma.
Questionado se as seguradoras acreditam na eficiência da fiscalização por parte dos órgãos públicos, Dal Ri respondeu que o próprio poder público sentia a necessidade de se ter uma lei para se apoiar na hora de fechar os estabelecimentos clandestinos. O diretor de produtos e subscrição auto do Grupo BB e Mapfre, Sérgio Barros, enfatiza que com um controle mais rígido, a lei trará uma série de benefícios às seguradoras e também à sociedade. As seguradoras acreditam que além de reduzir o número de roubos e furtos para os carros segurados e não segurados, quando a lei estiver em vigência, a partir de maio de 2015, minimizará também o número de latrocínios existentes.
Segundo Eduardo Dal Ri, somente com a vigência da lei que se poderá ter a certeza de sua eficiência e o impacto na redução de custo das apólices, mas espera que possa ser de 20%. O consultor e economista da Rating de Seguros, Francisco Galiza, acredita que isso dependerá de cada seguradora. Comercialmente, o consultor disse que a lei poderá aumentar de 15% a 20% as vendas de apólices. O professor da Escola Nacional de Seguros, Fernando Varanda, explica que a elevação acontecerá principalmente para os seguros populares, atingindo uma parcela da população que ainda não possui a proteção para seu veículo. O diretor-geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole, explica que especificamente para esse produto, a lei terá uma utilidade maior, pois permitirá nos casos de reparo a utilização de peças de reúso, com procedência e garantia.
Dentro desse segmento, o diretor de auto e massificados da SulAmérica Seguros, Eduardo Dal Ri acredita que as seguradoras poderão apresentar novos produtos para atender a demanda. “Nos da SulAmérica estamos estudando, junto com a Superintendência de Seguros Privados [Susep], a possibilidade de colocar no mercado um produto que se enquadre no popular”.
A Porto Seguro, por exemplo, criou há um ano a empresa Renova Ecopeças, que faz a reciclagem de automóveis não salvados da própria seguradora. O objetivo foi diminuir o número de carros parados em pátios. A Renova compra os carros da seguradora que tenham baixa definitiva e faz a destinação correta das peças que podem ser reaproveitadas. Após todo processo de certificação, elas poderão ser utilizadas nos carros que possuem seguro popular e precisam de reparos.