Mesmo que se tenha boa saúde, manter hábitos pouco saudáveis torna um seguro de vida bem mais caro. Foi o que mostrou uma simulação feita pelo grupo BB e Mapfre com exclusividade para o iG, confirmada por consultores especializados no segmento.
Seguradoras têm colocado na balança que calcula o perfil de risco não apenas doenças pré-existentes ou o histórico familiar de enfermidades para precificar seus produtos, mas também — e principalmente — comportamentos que aumentam as chances de adoecer. Os preços — prêmios — podem ficar entre 5% e 30% mais caros para quem fuma, bebe e não pratica exercícios físicos com regularidade.
O BB e Mapfre simulou quanto custaria um seguro de vida para clientes com a mesma idade, saúde e sexo, mas com hábitos de vida bem diferentes. Uma mulher de 30 anos, solteira, fumante e sedentária pagaria 10% a mais pelo plano Mapfre Vida Você Mulher — que cobre morte, invalidez e diagnóstico de câncer de mama — em comparação a uma cliente na mesma faixa etária, mas que não bebe, não fuma e pratica atividades físicas.
O prêmio mensal de R$ 72,43 pago pela fumante cairia para R$ 65,16 para a outra consumidora — uma economia de R$ 86,88 por ano. Considerando-se que o seguro de vida costuma ser pago por muitos anos e até décadas, o desconto acumulado subiria para R$ 434 em cinco anos e R$ 1,3 mil em 15 anos.
O sócio-diretor da Fortlife Consultoria, Marcelo Rea, que trabalha com empresas especializadas em seguros de vida, conta que as principais seguradoras do segmento fazem análises prévias do estado de saúde do cliente, submetendo-o a um check-up médico antes da contratação da apólice individual.
Dependendo do capital segurado, elas podem pedir exames de sangue, urina e até eletrocardiogramas, diz o executivo. “Essas seguradoras costumam dividir os clientes entre fumantes e não fumantes. Mesmo com a saúde em bom estado, o prêmio chega a ser 30% maior para quem fuma”, conta Rea.
O consultor observa que, mesmo que o cliente tenha histórico de pressão alta, mas consiga comprovar que controla a doença e cuida da própria saúde, pode ser classificado como indivíduo saudável e conseguir um bom desconto da seguradora.
“Para quem deixou de fumar após a contratação do seguro, algumas empresas permitem até requalificar o cliente por meio de uma reavaliação. Ele pode ganhar um bom desconto no valor do prêmio”, diz o executivo da Fortlife.
Seguro de vida não é investimento
O planejador financeiro da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, lembra que o seguro de vida, apesar de garantir tranquilidade financeira para a família em uma eventualidade, não pode ser considerado um investimento.
Se o seguro estiver muito caro, pode compensar substituí-lo por um plano de previdência, diz Calil, desde que já se tenha uma boa reserva acumulada. “O ideal é já ter calculado um valor que pode ser resgatado a qualquer momento pelos beneficiários em caso de morte ou invalidez”.
Para isso, é preciso já ter poupado a quantia por muitos anos, sugere o planejador. Quem ainda é jovem e não possui reserva suficiente, encontrará no seguro de vida a melhor alternativa para garantir recursos para sua família, recomenda Calil.
Rea, da Forlife, observa que o momento ideal para se contratar um seguro de vida não é quando já se percebe um risco de saúde, por exemplo. “Não se adquire um seguro quando se quer, mas quando se pode. Ninguém acorda com vontade de comprar, mas o melhor momento é quando se é jovem e saudável”, diz.
Para Calil, o seguro de vida é recomendado não apenas para quem constituiu uma família, mas também para quem fez um financiamento muito longo, como dívida imobiliária. “É uma forma de garantir o pagamento se o titular do financiamento vier a faltar”.