amfAR financiará estudos de sete equipes de cientistas, que buscam entender o caso do ‘paciente de Berlim’
Uma rodada de bolsas de pesquisa distribuída pela amfAR – fundação internacional focada em financiar estudos que buscam encontrar a cura da aids – vai distribuir quase US$ 2,4 milhões para sete equipes de cientistas que trabalharão com o Consórcio de Pesquisa da amfAR para Erradicação do HIV (ARCHE), iniciativa lançada em 2010 para explorar potenciais estratégias para eliminar a infecção por HIV. Segundo a entidade, com o novo aporte já foram investidos US$ 6 milhões em 2014 em pesquisa.
O esforço da entidade é impulsionado pelo caso do “paciente de Berlim”, nome pelo qual ficou conhecido o primeiro caso de cura relatado em um homem soropositivo com leucemia que recebeu um transplante de células-tronco de um doador com uma rara mutação genética que ofereceu resistência à infecção pelo HIV. O objetivo é continuar investigando este paciente e explorar outras estratégias de cura potenciais.
Segundo o CEO da amfAR, Kevin Robert Frost, o paciente de Berlim fez com que muitos na comunidade científica pensassem pela primeira vez que uma cura para o HIV era possível. No entanto, até agora nenhum dos muitos pesquisadores do mundo que tentaram repetir as condições deste caso específico falharam – uma vez que Timothy Brown, o paciente de Berlim, sofreu na ocasião uma intervenção muito complexa, que envolveu quimioterapia, irradiação corporal total e a mutação genética nas células transplantadas, entre outros fatores.
A maior bolsa desta rodada de subsídios apoiará um consórcio de pesquisadores europeus, incluindo o médico Gero Hütter, o oncologista creditado com a cura de Brown, para estudar os resultados dos pacientes com HIV que sofrem diferentes tipos de transplantes de células-tronco. Outra equipe de pesquisadores europeus é liderada pelo médico brasileiro Vanderson Rocha, do Serviço Nacional de Saúde de Sangue e Transplante, de Oxford, no Reino Unido, que irá pré-selecionar um grupo de doadores de células-tronco do sangue para CCR5 -Delta32, a mutação genética que torna as pessoas altamente resistentes à infecção pelo HIV e que acredita-se ser responsável, pelo menos em parte, para a cura de Timothy Brown.
A mutação está presente em cerca de um a dois por cento dos caucasianos, é mais presente no Norte da Europa e os pesquisadores concentrarão a sua atenção inicialmente em bancos de sangue de cordão na Suécia e na Finlândia. Eles esperam determinar quais os doadores, com base em seus tipos de tecidos, têm o maior potencial para abrigar a mutação genética CCR5.
A amfAR, Fundação para Pesquisa da AIDS, é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao apoio da pesquisa da AIDS, prevenção, tratamento, educação sobre o HIV e a defesa de uma boa política pública relacionada à doença. Desde 1985, investiu mais de R$ 810 milhões em programas e concedeu bolsas para mais de 3.300 grupos de pesquisa no mundo.