Dados coletados por smartwatches serão processados em plataforma open-source da Intel, que anunciou parceria com a The Michael J. Fox Foundation
Uma plataforma em software aberto para análise massiva de dados coletados através de dispositivos vestíveis, os wearables, de pacientes portadores do Mal de Parkinson. Este é o caminho de uma colaboração anunciada nesta quarta-feira (13) entre a Intel e a Fundação Michael J. Fox para a Pesquisa do Parkinson (MJFF). A doença degenerativa do sistema nervoso afeta 1% das pessoas com mais de 65 anos no mundo.
O objetivo é usar a plataforma para detectar padrões entre os dados de sintomas da doença, coletados por relógios inteligentes (smartwatches) em conjunto com smartphones, entendendo a progressão da doença e acelerando o desenvolvimento de remédios. Para Todd Sherer, CEO da MJFF, é uma mudança na forma de médicos e pesquisadores estudarem a doença, que não mudou muito desde sua descoberta por James Parkinson, em 1817.
A MJFF, autointitulada “a maior fundação sem fins lucrativos para pesquisa do Parkinson no mundo”, leva o nome de seu fundador e famoso ator de Hollywood, Michael J. Fox. Dedicada a financiar pesquisas que busquem uma cura para a doença, já distribuiu cerca de US$ 450 milhões desde a fundação da entidade, no ano 2000.
“A variabilidade dos sintomas do Parkinson cria desafios únicos para monitorar o progresso da doença”, explica Diane Bryant, vice-presidente sênior e gerente geral do Data Center Group da Intel, que participou de um webcast para o anúncio da parceria. “Mais dados disponíveis para a comunidade médica podem ajudar a apontar aspectos não identificados da doença que levem a novas áreas de pesquisa.”
Estudo
A ideia é cruzar as informações coletadas pelos wearables aos perfis genéticos dos portadores da doença obtidos nas últimas duas décadas. Estes dispositivos são capazes de medir sintomas como lentidão dos movimentos, tremores e qualidade do sono, em tempo real e integral. O estudo para avaliar sua usabilidade e precisão começou no início deste ano com 16 voluntários portadores da doença e 9 não-portadores para controle. Eles usaram os equipamentos continuamente por quatro dias e em duas consultas médicas.
Os dados obtidos estão sendo correlacionados com as observações clínicas para aumentar a precisão dos dispositivos. Até o fim do ano, como parte do estudo, a MJFF e a Intel planejam lançar um aplicativo móvel que permita aos pacientes informar que medicamentos estão tomando e como se sentem.
Analytics
Para processar as mais de 300 observações por segundo geradas pelos wearables, a Intel está usando uma plataforma de análise de big data que inclui um software open-source, o Cloudera CDH, que coleta, armazena e gerencia os dados, hospedado na nuvem e suportado por tecnologia Intel. A solução analítica detecta mudanças no padrão de dados coletado em tempo real, incluindo anomalias nos sensores ou no comportamento do paciente.
Em um “futuro próximo”, a intenção é que a plataforma na nuvem receba outros tipos de dado, incluindo clínicos e genéticos. Segundo a Intel, a opção pelo uso de código aberto é um modo de compartilhar os resultados obtidos com a comunidade médica empenhada no estudo do Parkinson no mundo, bem como de receber dados de outras pesquisas.