Quem vive em São Paulo sabe que a situação está caótica com a estiagem. Desde o final de 2013, quando choveu 72% abaixo do normal, o alerta foi dado para o que estava por vir.
Essa estiagem também traz danos aos agricultores. E é nessa brecha que o Seguro Rural entra e pode fazer diferença. “Na medida em que há uma questão climática que envolve produção agrícola, naturalmente o Seguro Rural é uma solução interessante, porque indeniza essa perda”, explica Bruno Kelly, palestrante e Professor da Escola Nacional , área de gerenciamento de riscos, finanças e seguros.
O Seguro Rural pode oferecer diversas vantagens ao Corretor de Seguros. “Primeira grande vantagem é que há poucos que trabalham no segmento, diferente do Seguro de auto. Não há corretores especialistas e isso ajuda muito Corretor. Hoje o governo paga até 60% do preço do seguro, dependendo da cultura e da localização. Isso sem dúvida é uma grande diferença. Se chegar ao cliente e disser isso, com certeza o cliente vai ao menos ouvi-lo.”
Além dessas vantagens, o Corretor de Seguros precisa enxergar o grande potencial que esse ramo representa e quebrar a resistência para trabalhar com esse tipo de Seguro. “O Corretor de modo geral ainda é muito focado em automóvel, mas é uma carteira que toma muito tempo. O Seguro Rural, por ser menos competitivo, consegue ter até uma rentabilidade maior”, explica Bruno Kelly.
O Seguro Rural cresce anualmente, desde o início de sua criação. “Desde 2004, quando começou a operar, o Seguro Rural tem crescimento significativo todos os anos. E isso se dá a vários fatores, não somente pela questão do clima que está mudando, mas também no processo de criação de cultura de contratação desse tipo de Seguro.”
A questão toda se dá em como o agricultor entende o Seguro Rural, ou seja, qual é a sua cultura sobre esse tipo de Seguro. “O agricultor procura a proteção mais por garantia para operação de crédito rural, dessa forma, adquirem mais o Proagro do que a proteção do Seguro propriamente dita”, esclarece Bruno Kely.
Segundo o site Tudo Sobre Seguros, o Proagro é um programa de governo para pagamento do custeio agrícola e funciona como um seguro agrícola de custeio, mas suas operações não passam por seguradoras, não tem apólices e não está sob a fiscalização da Susep. Isso significa que os produtores contratam esse financiamento de crédito agrícola para se precaverem caso sofram prejuízos causados por fenômenos climáticos, pragas e doenças em suas lavouras, rebanhos e bens.
Esse é um dos motivos pelo qual somente 9% da área cultivada no Brasil conta com proteção do Seguro. “Esse número insignificante comparando com a capacidade do país. E o Proagro é um dos fatores que limitam o crescimento do Seguro Rural. Outro motivo é a questão da falta de cultura para contratar o Seguro, pois a maioria dos agricultores considera um item de custo e não de proteção e acaba contratando algo simplesmente para cumprir uma exigência do credor”, alerta o professor.
Entenda a estiagem no estado de São Paulo
Segundo matéria divulgada na BBC Brasil, em janeiro e fevereiro, a média foi 66% e 64% menor, respectivamente. Foi a estiagem mais intensa desde 1930. Para agravar a situação, o último verão foi o mais quente desde 1943, quando começaram as medições. A temperatura média, de 31,3°C, ficou 3°C acima do que no verão passado. Em abril, o nível do Sistema Cantareira estava em 12%.
Desde então, o nível do Sistema Cantareira chegou a zero pela primeira vez na história e foi preciso usar metade do chamado “volume morto” (cerca de 200 bilhões de litros), a água que se encontrava abaixo dos níveis de captação usados até então. Isso elevou o nível do Cantareira, que voltou a cair e está em 12,6% atualmente.