A fraude prejudica como um câncer
todo o sistema de seguros. Essa é a linha mestra da palestra
“Prevenção em combate à fraude em gerenciamento de riscos: avanços
e desafios”, realizada na Trilha de Seguros, elaborada pela CNseg,
para a CIAB 2015, maior evento de tecnologia bancaria da América
Latina, que acontece de 16 a 18 de junho em São Paulo.
Therezinha Vollú e Ricardo Tavares,
gerentes da CNseg Ceser, discorreram sobre os impactos que a fraude
traz não só sobre a seguradora, mas sobre toda a sociedade, uma vez
que gera aumento do preço do seguro e prejudica a entrada de novos
consumidores. “Sem novos entrantes no mercado, fica mais complicado
ter preços mais acessíveis”, citou Tavares.
Em números, as fraudes comprovadas,
sem considerar previdência, saúde e capitalização, somam R$ 448
milhões em 2014, ou seja, 1,7% em relação aos sinistros avisados
dos seguros gerais. Em 2013, as fraudes totalizaram R$ 350 milhões
(1,5%) e em 2012, R$ 340 milhões (1,2%). “Se colocar esse índice em
cima dos sinistros suspeitos, o indicador sobe para 20%. Em cima
dos sinistros investigados, avança para 25%”, esclarece
Therezinha.
Na Suécia, a estimativa de fraudes
detectadas foi de 40 milhões de euros em 2011. Na França, 168
milhoes de euros. No Reino Unido, as seguradoras estimam que 2,2
bilhões de euros são fraudes não detectadas anualmente. Segundo
Tavares, a fraude pode ser um crime sem sangue, mas não sem vítima,
pois toda a sociedade está pagando o preço. Por isso, todos os
esforços de prevenção e combate a fraude buscam retroalimentar e
contribuir para o equilíbrio do gerenciamento dos riscos assumidos
pelas seguradoras.
Depois de mostrar à plateia os
principais acontecimentos no marco legal, desde 1998, com a lei
9.613, sobre lavagem ou ocultação de bens, até 2015, com a lei
12.977, que regula a disciplina de desmontagem de veículos, Tavares
mostrou que as legislações atuais visam inibir a fraude, que traz
um custo injusto para os segurados honestos.
Além das discussões para aprimorar
as técnicas e leis, a CNseg estimula suas associadas com ações como
treinamentos, campanhas educacionais, criação do Código de Ética do
Mercado Segurador, desenvolvimento de pesquisas qualitativas,
viabilização do Pátio Legal e do Disque Fraude em Seguros, bem como
o cruzamento de coincidências que possam indicar fraude e o grande
case de sucesso da entidade, o Projeto Fronteiras. Segundo
Therezinha, as fraudes acontecem no mundo todo. “Se deixar uma
brecha, a fraude entra”, comentou.
A quantificação das fraudes ajudam
a orientar o direcionamento das ações de prevenção e redução da
fraude, além de permitir a aferição das ações implementadas,
destaca Tavares. Para ele, um dos grandes benefícios de conseguir
quantificar a fraude é promover a conscientização dos setores
governamentais, da sociedade, do segurado e do próprio mercado
segurador. “Além, é claro, de suportar a justificativa de retorno
dos projetos e iniciativas das seguradoras nos projetos de combate
à fraude.