O Bradesco vai ampliar sua participação
no mercado de seguros com a aquisição
do HSBC e suas seguradoras e pode
extinguir o contrato existente com a alemã HDI, firmado em 2005.
Sua fatia no segmento de cerca de 24% passará para 26%, após a
aprovação dos reguladores responsáveis, de acordo com Marco Antonio
Rossi, diretor vice-presidente do Bradesco e presidente da Bradesco
Seguros. Até lá, segundo o executivo, nada muda.
“O contrato com
a HDI está em vigor e não se altera com
a aquisição do HSBC. Quando tivermos possibilidade (aval de
reguladores), vamos conversar com a HDI. Não há cláusula de que em
uma aquisição, o contrato seja extinto”, explicou Rossi, em
entrevista a jornalistas, acrescentando que existe a possibilidade
de o contrato ser extinto embora a questão ainda não tenha sido
avaliada.
Em relação a possíveis multas em
uma eventual quebra do contrato com a HDI, do grupo Talanx, o
executivo disse que a Bradesco Seguros vai analisar essa questão e
ainda a possibilidade de manter o contrato até o vencimento,
pesando os prós e contras. A seguradora alemã desembolsou R$ 300
milhões pelo canal de agências do HSBC, no ano de 2005. O contrato,
segundo fontes, termina em 2018.
A HDI informou, procurada pelo
Broadcast, que juntamente com o acordo de venda de seguros com o
HSBC há cláusulas de confidencialidade que impedem que a seguradora
faça comentários a respeito. Executivos do mercado, que preferiram
falar sob a condição de anonimato, já dão como certo o término do
contrato com a alemã.
Receitas
Em prêmios, a compra do HSBC gera
um adicional de R$ 2 bilhões à Bradesco Seguros, conforme dados
daSuperintendência de Seguros Privados (Susep) de 2014. Apesar
de a cifra parecer pequena para uma companhia que no primeiro
semestre emitiu mais de R$ 30 bilhões, somou mais de R$ 196 bilhões
em ativos totais e de R$ 22 bilhões em patrimônio líquido, Rossi
reforçou que é possível aumentar de forma “significativa” as
receitas do HSBC em seguros. Para este ano, a seguradora do
Bradesco estima crescer seus prêmios de 12% a 15%.
“Evidentemente, temos
uma oportunidade enorme no seguro (com a
aquisição do HSBC). Vemos um oceano azul em termos de oportunidade
no mundo dos seguros. Temos uma penetração em seguros maior que o
HSBC”, destacou Rossi.
Há produtos com possibilidade de
sinergias entre a Bradesco Seguros e as seguradoras do HSBC, como
emseguro de vida, previdência privada e capitalização, conforme o
executivo. A companhia tem penetração de duas a quatro vezes maior
em previdência e de duas a cinco vezes superior em vida, segundo
ele. Existem também, de acordo com ele, oportunidades ainda não
exploradas no balcão do banco adquirido como a venda de seguro
saúde e dental e vice e versa.
Em relação aos principais projetos
da Bradesco, que incluem a integração dos sistemas em uma única
plataforma, que consumirá R$ 500 milhões em investimentos, e a
unificação da diretoria comercial, concluída no ano passado, Rossi
disse que não estão previstas alterações. “A plataforma já conta
com a utilização de parcerias em um primeiro momento. Isso já está
contratado e em andamento. Vamos dar continuidade da mesma forma”,
comentou o executivo.
De acordo com o presidente da
Bradesco Seguros, o HSBC está posicionado, principalmente, em três
negócios, vida, previdência e capitalização, que não necessitam de
grande estrutura para serem viabilizados. Além disso, as
seguradoras do banco não possuem sucursais nem atuam com o canal
corretor de seguros, o que facilita. “É uma estrutura mais enxuta
dentro da área bancária”, destacou ele.
Aquisições
Rossi afirmou que apesar de os
esforços estarem direcionados para a chegada das operações do HSBC
no Bradesco, o banco segue aberto para avaliar aquisições no setor
de seguros. Com o HSBC, a instituição encostou no Itaú Unibanco em
ativos, ficando apenas a cerca de R$ 39 bilhões do seu principal
concorrente. “Se ocorrerem oportunidades, o Bradesco está atendo”,
acrescentando que não há interesse em operações de vida em grupo. O
Itaú está se desfazendo dessa carteira.
Sobre a possibilidade de a Bradesco
Seguros passar a representar mais de um terço dos resultados do
banco com a aquisição das seguradoras do HSBC, Rossi afirmou que
esse não é o objetivo. O foco, conforme ele, é maximizar as
oportunidades existentes e ganhar espaço no mercado, o que deve
acontecer entre três e quatro anos. No primeiro semestre, a
seguradora respondeu por 29,2% do lucro líquido ajustado do
Bradesco que somou R$ 8,778 bilhões.
A Bradesco Seguros espera
protocolar nos próximos dias junto à Susep, conforme Rossi, o
pedido para avaliar a aquisição das seguradoras do HSBC. Procurada
pelo Broadcast, a autarquia confirmou que a companhia ainda não deu
entrada na solicitação. O executivo disse ainda que sua saída da
presidência da Confederação Nacional das Empresas de Seguros
Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e
Capitalização (CNseg), não está associada à compra do HSBC e que
até o final de agosto um substituto deve ser sugerido.