Planos de saúde ensinam grávidas a prevenirem zika e microcefalia
Diante dos casos de microcefalia associada ao zika vírus, planos de saúde oferecem oficinas e médicos orientam sobre como evitar a infecção. Rede pública defende que o melhor remédio é a prevenção
Para onde quer que vá, Atília Martins, 28, está sempre com figurino similar: meias, vestido até os pés ou calça comprida, casaquinho manga longa e tênis. “Estou com muito medo. As minhas amigas gestantes estão em pânico”, descreve. Grávida de 25 semanas (6º mês) do primeiro filho, a professora mora em um condomínio no José Walter e tem seguido todas as orientações repassadas pelo médico do plano de saúde, no caso dela, para evitar que o Aedes aegypti se aproxime dela. O mosquito é vetor de doenças como a zika, que pode causar microcefalia no bebê.
“Em cada ultrassom, a gente fica na expectativa. E graças a Deus, o João Vicente está bem, sem nenhuma doença, se desenvolvendo normalmente”, festeja. E apesar de já ter passado do período mais crítico, que, segundo os médicos, é o primeiro trimestre da gestação, o marido de Atília, Rômulo Vieira, não deixa ela descuidar. “Eu passo repelente spray nela enquanto ela está dormindo. E ela nem percebe”, ri-se. “A gente sempre fica preocupada porque a zika é uma doença nova por aqui”, aponta a mulher.
Como os casos de microcefalia em decorrência da zika são recentes no Ceará — do último semestre de 2015 —, os planos de saúde têm tentado levar mais informação às usuárias através de oficinas. Além da recomendação a respeito das roupas que cubram o corpo, Atília, usuária da Unimed Fortaleza, foi orientada a usar o repelente a cada três horas. Ela costuma, também por recomendação do profissional de saúde, usar um repelente spray por cima da roupa, para evitar qualquer aproximação do mosquito.
O sossego do casal só veio com o exame morfológico, que mediu a circunferência do crânio do bebê, atestando o tamanho esperado. “Eu chorei muito ao perceber que ele não tinha mais risco”, emociona-se a mãe.
Roupas claras
A secretária Andressa Queiroz, 33, já entrou no nono mês de gestação. Ela conta que o obstetra do plano Cassi recomendou o uso de roupas claras, porque o mosquito é atraído pela cor escura, segundo o profissional. “No surto do fim do ano passado, eu já estava grávida e fiquei muito preocupada, principalmente por ser uma doença nova aqui no Brasil”, comenta.
O obstetra que acompanha a gravidez da dentista Tereza de Castro Fontenele, 28, grávida de 33 semanas do Miguel, também incluiu evitar grandes aglomerações e locais onde tenha tido surto de zika. “Por mais que a gente se proteja, é fundamental a orientação adequada de um profissional. Não estar em aglomerações, além de evitar a zika, não deixa outras doenças chegarem”, pontua ela.
A zika, em boa parte dos casos, é assintomática. Ou seja, o paciente tem o vírus da doença, mas não apresenta os sintomas. “Por isso mesmo exige maior cuidado entre as pacientes”, confirma o ginecologista e obstetra da Unimed Fortaleza, Luís Carlos Weyne.