Quanto você quer ganhar depois de parar de trabalhar? Essa é uma preocupação que a maioria das pessoas tem apenas poucos anos antes de pedir o benefício. Mas, segundo economistas, é importante pensar na aposentadoria ainda na juventude, para garantir um rendimento além do valor mensal pago pela Previdência Social. O mesmo vale para quem quer fazer uma poupança, com rentabilidade acima dos ganhos da caderneta, para pôr em prática um projeto futuro, como o ensino superior dos filhos.
Especialistas ouvidos pelo EXTRA dizem que o investimento em previdência privada é atraente para quem quer fazer contribuições de longo prazo. Quanto antes a aplicação começar a ser feita, maior será o montante que servirá de base para calcular a renda vitalícia extra na aposentadoria ou o total de recursos acumulados para financiar um sonho.
O futuro, porém, depende de planejamento. E, diante da crise, a preocupação com o futuro aumenta. Prova disso é que, somente no primeiro trimestre deste ano, o setor cresceu 5,7% em relação ao mesmo período de 2015 e arrecadou R$ 21,5 bilhões, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Os planos individuais foram os que mais receberam recursos nos primeiros três meses do ano. Na modalidade, foram investidos R$ 19,1 bilhões.
— Os números sobre previdência complementar mostram que os trabalhadores estão mais preocupados com o futuro. Com a tendência de a Previdência Social do país diminuir os valores dos benefícios (pagos pelo INSS), é imprescindível buscar esse tipo de investimento — disse Vagner de Oliveira, gerente de Previdência e Investimentos da Mapfre Seguros.
Marcelo Anache, economista da universidade Mackenzie, vê o crescimento do setor como reflexo da necessidade de se fazer uma poupança forçada.
— São os efeitos psicológicos da crise — disse.
Escolha o melhor plano
Segundo cálculos do especialista em previdência privada Vagner Lemos, o rendimento médio anual desse tipo de aplicação supera os 7,5%. Assim, uma pessoa que começa a investir aos 25 anos de idade uma quantia equivalente a R$ 300 mensais terá um valor bruto acumulado de R$ 434.325,25, aos 65 anos. Mas, no momento em que um plano é escolhido, é importante estar atento à forma de cobrança de imposto.
Hoje, os principais planos oferecidos no mercado são o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Independentemente da escolha, existe duas formas de tributação possíveis.
O PGBL é recomendado para pessoas com renda mais alta, pois o total recolhido ao plano pode ser abatido no Imposto de Renda (desde que esse valor represente até 12% de sua renda bruta anual). Porém, quando o dinheiro é sacado, o IR incide sobre o total que estava acumulado no fundo. Se o montante chegou a R$ 500 mil, o imposto será cobrado sobre tudo.
— Já o investimento no VGBL não pode ser abatido no Imposto de Renda anual. Porém, quando o valor total é sacado, o IR é cobrado apenas sobre o quanto o dinheiro investido rendeu — explicou Leonardo Lourenço, superintendente de Marketing da Mongeral Aegon.
Se a quantia acumulada foi de R$ 500 mil, embutindo um rendimento de R$ 200 mil ao longo dos anos, o imposto incidirá apenas sobre esse acréscimo. Esse plano é indicado para quem têm renda menor e declara IR por meio do formulário simplificado ou nem declara.
‘Ainda não pensei na minha aposentadoria’, diz a universitária Jaqueline de Oliveira
— Entrei cedo para a faculdade e nunca trabalhei com carteira assinada, logo, nunca contribui para o INSS. Além disso, eu não sabia que era possível fazer contribuições para a Previdência Social tão cedo, começando aos 16 anos. Sei que é um erro, mas nunca parei para pensar na minha aposentadoria. Sempre ouvimos histórias de pessoas que começam a trabalhar cedo para se aposentar ainda jovens, mas nunca dei atenção a isso, fui displicente. Já em relação à previdência privada, o investimento depende de um planejamento financeiro maior e, hoje, ainda sou estagiária num escritório de advocacia, sem carteira assinada. Apesar disso, quero conhecer mais as opções disponíveis no mercado e, quando me organizar financeiramente, quero fazer um plano desses para garantir uma renda a mais no futuro. É importante, pois, com o investimento, poderei ter um ganho extra mais adiante — disse.
Conheça os detalhes
Taxas
Os planos, na maioria das vezes, cobram duas taxas: de administração, que varia entre 1,5% e 3%, e de carregamento, uma espécie de desconto em cima de cada aporte (aplicação), e que pode chegar a 5%, dependendo da instituição. Especialistas orientam os interessados a buscarem planos com taxas menores. Existem modelos em que a taxa de carregamento é zero, quando o cliente faz depósitos maiores, de R$ 250, por exemplo.
Tributação
Na tributação progressiva, sobre o rendimento incide um percentual de até 27,5%. Este modelo é indicado para pessoas que querem fazer uma plano de previdência de curto prazo. Já no sistema regressivo, a tributação é de 35% no início da aplicação, mas diminui 5% a cada dois anos. Por isso, pessoas que querem fazer um plano de previdência por mais de dez anos devem optar por esta modalidade, pois, em uma década, a tributação passará a ser de 10%, bem menor do que os 27,5% cobrados se estivesse no regime progressivo.
Rendimento
Para fazer o dinheiro render, os bancos atrelam os planos de previdência a fundos, que podem ser tanto de renda fixa quanto de renda variável (como ações na Bolsa de Valores). Se é conservador, opte pelo primeiro caso.