A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) selecionou os projetos que farão parte do OncoRede, iniciativa que propõe a construção de um novo modelo de organização e cuidado aos pacientes com câncer. A reguladora recebeu 42 propostas de adesão de operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços – hospitais, clínicas e laboratórios. Em fevereiro, essas instituições começarão a desenvolver os projetos, com acompanhamento e monitoria da autarquia. Os resultados serão mensurados, e os modelos que se mostrarem viáveis poderão ser replicados para o conjunto do setor suplementar de saúde, de forma a estimular mudanças sustentáveis.
Confira as operadoras e prestadores que tiveram projetos aprovados
O OncoRede estabelece um conjunto de ações integradas para qualificar o cuidado oncológico. As medidas visam estimular a adoção de boas práticas na atenção ambulatorial e hospitalar e promover melhorias nos indicadores de qualidade da atenção ao câncer, além de possibilitar um diagnóstico mais preciso da assistência. Entre as medidas previstas estão a centralização do cuidado no paciente, a adoção de laudo integrado de exames, a introdução do assistente do cuidado, responsável por conduzir o paciente ao longo do percurso assistencial e a busca ativa no momento do envio do resultado de exames.
“O grande número de adesões e a qualidade dos projetos apresentados demonstra a urgência e a necessidade de implementação de experiências baseadas em modelos mais integrativos de cuidado na atenção oncológica”, avalia a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira. “A fragmentação da trajetória de cuidado do paciente em diferentes prestadores de serviços de saúde que não se comunicam, a falta de continuidade do fluxo do paciente na rede assistencial e a ausência de coordenação do cuidado prestado nos diferentes níveis de complexidade da rede são problemas que afetam diretamente a efetividade da atenção aos pacientes com câncer no Brasil. O projeto OncoRede visa reorganizar a assistência e corrigir essas falhas, facilitado o tratamento e melhorando os resultados”, explica a diretora.
Pilares do novo modelo de atenção
Centralização do cuidado no paciente, invertendo a lógica do sistema hoje centrado no volume de utilização de tecnologias;
Informação correta, completa e em linguagem acessível para os pacientes e registro de saúde que facilite a continuidade do cuidado, possibilitando o compartilhamento da informação por todos os profissionais que realizam o cuidado e com o próprio paciente;
Screening e diagnóstico precoce, porém pautados pela qualidade e em protocolos efetivos;
Laudo integrado de exames para um melhor direcionamento no momento do diagnóstico que facilite e torne mais efetivo o tratamento;
Busca ativa no momento do envio do resultado de exames e garantia de que o resultado dos exames críticos chegue ao paciente e a seu médico solicitante;
Estabelecimento de times multiprofissionais e de grupos de decisão para a melhor definição de linhas de cuidado e uniformização de decisões;
Articulação da rede de estabelecimentos que irão, em algum momento, cuidar do paciente, tanto do ponto de vista de organização dos encaminhamentos quanto das informações e da continuidade da linha de cuidado;
Assistente do cuidado, responsável por conduzir o paciente ao longo de todo o percurso assistencial, facilitando e monitorando todos os possíveis pontos de dificuldade;
Monitoramento dos resultados através de indicadores que possam demonstrar não só o desempenho do cuidado, mas também retratem possíveis melhorias no caminho assistencial;
Indução e estabelecimentos de estruturas de cuidado paliativo e tratamento de suporte, além do debate sobre morte e humanização no fim de vida;
Modelos diferenciados de remuneração que possam dar suporte à nova lógica de cuidado;
Capacitação e treinamento de profissionais da área da saúde;
Debate sobre o Registro de Tumor na Saúde suplementar, visando um melhor planejamento e monitoramento das políticas nessa área.