O ministro da Cultura do governo Michel Temer recebeu merecidas
vaias nesta sexta-feira 17 durante cerimônia de entrega
do Prêmio Camões a Raduan Nassar, autor de Lavoura Arcaica e
reconhecido como um dos maiores escritores brasileiros.
Conforme relato de Mauricio Meirelles, em reportagem da Folha, Freire inverteu a ordem
tradicional da cerimônia e se colocou para discursar por último -
em vez do premiado. Ele rebateu então o discurso de Nassar, que
falou primeiro e chamou o governo Temer de golpista.
O ministro teve a ousadia de sugerir que o escritor não deveria
aceitar o prêmio, no valor de €100 mil (cerca de 330 mil reais). "É
um adversário recebendo um prêmio de um governo que ele considera
ilegítimo", disse, sob vaias e gritos de "Fora, Temer" da plateia.
"Quem dá prêmio a adversário político não é a ditadura!",
completou.
Já Nassar fez críticas à política do atual governo, à indicação
de Alexandre de Moraes, à prisão recente de Guilherme Boulos, do
MTST, entre outros episódios. "Esses fatos configuram por
extensão todo um governo repressor. Governo atrelado ao
neoliberalismo com sua escandalosa concentração de riqueza",
disse.
"Mesmo de exceção, o governo que está aí foi posto, e continua
amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal
Federal", criticou, em referência a decisão do Supremo que manteve
Moreira Franco como ministro. Ele terminou o discurso com a frase:
"O golpe estava consumado. Não há como ficar calado".