A agência anticorrupção da China
anunciou neste domingo uma investigação sobre o chefe do órgão
regulador de seguros do país, em meio à crescente preocupação em
partes do governo sobre supervisão negligente do setor. Declaração
da Comissão Central para Inspeção Disciplinar do Partido Comunista
não deu detalhes sobre por que Xiang Junbo, presidente da Comissão
Reguladora de Seguros da China, está sendo investigado. A nota
informa que ele é suspeito de “violações graves” da disciplina do
partido. A Comissão Regulatória de Seguros da China não respondeu
imediatamente a um pedido de comentário. Xiang não foi
localizado.
A investigação sobre Xiang é
particularmente significativa, gerando nova incerteza para o
regulador de seguros da China, um órgão chave que ajuda a garantir
a estabilidade financeira na segunda maior economia do mundo. Ainda
assim, a investigação não representa uma surpresa para a indústria
de seguros da China – que tinha mais de US$ 2 trilhões em ativos no
ano passado e onde já circulavam rumores sobre o destino de
Xiang.
A investigação ocorre em um momento em
que Pequim contempla como melhor coordenar a supervisão financeira
entre o Banco Central e os reguladores bancários, de valores
mobiliários e de seguros. Quando Pequim nomeou Guo Shuqing para
dirigir a Comissão Reguladora Bancária da China em fevereiro,
fontes relataram que o governo avaliava deixar Guo supervisionar
uma possível fusão entre os reguladores bancário e de seguros.
O foco está no regulador de seguros da
China e em Xiang desde 2015, quando as companhias de seguros
domésticas começaram a comprar ações de empresas listadas em vários
setores, incluindo blue chips. Uma razão para as compras foi a
pressão para alcançar retornos em produtos de investimento
altamente lucrativos que as empresas começaram a vender para
investidores comuns.
O regulador de seguros da China
aumentou a supervisão, embora uma campanha séria para controlar as
seguradoras só veio depois que o chefe da Comissão Reguladora de
Valores Mobiliários da China chamou a atenção do público para essas
atividades. Em dezembro, Liu Shiyu criticou o que chamou de
invasores corporativos que usavam fundos de “fontes impróprias”
para comprar participações em empresas, em comentários que foram
amplamente interpretados como dirigidos a empresas de seguros
agressivas. O próprio Xiang também pediu que seguradoras voltassem
aos conceitos básicos de fornecimento de produtos de seguros. Mais
tarde no mesmo mês, o regulador de seguros intensificou
notavelmente a repressão a práticas arriscadas na indústria. O
órgão impediu a Evergrande Life, a unidade de seguros do maior
empreendedor imobiliário do país, de investir em ações, acusando-a
de negociação de curto prazo que violava as regras de
investimento.
O regulador de seguros também propôs
regras mais rígidas sobre a estrutura acionária das seguradoras,
que, segundo analistas, manteria um controle sobre qualquer
acionista controlador. O órgão sugeriu que a participação máxima de
um só acionista em uma seguradora deveria ser limitada a 33%,
contra 51% anteriormente, embora a regra ainda não tenha sido
implementada.
Xiang, de 60 anos, assumiu como
presidente da comissão em 2011 depois de atuar como chefe do Banco
Agrícola da China, de acordo com seu perfil oficial. Fonte: Dow
Jones Newswires.