Algumas seguradoras estão apostando em
um novo nicho de mercado: seguros para dispositivos móveis
(celulares, smarthphones e tablets). O modelo ainda é pouco usado
por consumidores e não conta com adesão em massa das companhias de
seguros. No entanto, tem grande potencial para crescer. Segundo
pesquisa realizada em 2014 pela F-Secure, o Brasil é o segundo país
no mundo com mais roubos de celular, só perde para a Índia.
O levantamento mostra que cerca de 25%
da população brasileira já passou por algum tipo de ocorrência com
dispositivos móveis. A média da população mundial é de 11%. Neste
sentido, afirmar que o seguro eletrônico pode ser a salvação de
meses de economias para comprar o aparelho dos sonhos não é
exagero. A fim de circular pela Capital com mais tranquilidade, o
publicitário e designer gráfico Lorenzo Ellera fez um seguro contra
roubo e danos elétricos para seu notebook de alto desempenho. “O
valor é de R$ 500,00 por ano e já renovei duas vezes, acho que vale
a pena”, opina.
Há algum tempo as operadoras de
celular passaram a fechar parcerias com seguradoras, oferecendo, já
na compra, a alternativa de proteção para os aparelhos. É o caso da
Vivo que trabalha em conjunto com a Zurich Seguros, multinacional
Suíça, estabelecida no Brasil desde 1982. Segundo a assessoria de
imprensa da operadora, a empresa oferece duas opções de seguro para
proteção do aparelho celular: o Vivo Proteção Celular e o Vivo
Multiproteção Celular.
No primeiro, são cobertos sinistros
contra roubo e furto qualificado. O valor dos seguros varia de R$
6,99 a R$ 56,99 mensais, de acordo com o preço do aparelho. Neste
caso, o serviço pode ser contratado para telefones celulares com
até dois anos de uso. Já o Vivo Multiproteção Celular, além de
coberturas contra roubo e furto qualificado, oferece ainda proteção
para danos materiais e acidentais, como quebra causada por quedas,
derramamento ou imersão em líquidos. Para o cliente que optar por
proteção completa na Vivo, os valores oscilam de R$ 8,49 até R$
66,99. Porém este seguro só pode ser contratado no momento da
compra de aparelhos novos.
“Ambos os seguros podem ser debitados
na conta do celular para clientes Vivo Pós ou Controle ou por meio
de cartão de crédito para todos clientes Vivo”, informa o grupo.
Clientes Vivo Pré ainda têm disponível uma opção de Seguro Celular
Semanal, que é cobrado diretamente no saldo de recarga e custa R$
2,99 por semana. A empresa oferece cobertura exclusiva para
clientes do plano Vivo Pós V, que, ao contratarem, recebem
gratuitamente um seguro com cobertura contra roubo e furto
qualificado para celulares de até R$ 5 mil.
“Novas tecnologias estão surgindo em
um ritmo incrível e não é diferente para o setor de seguros”,
comenta o diretor da Tata Consultancy Services (TCS) no Brasil,
Tushar Parikh. Ele chama atenção para o fato de que dispositivos
móveis, como tablets, smartphones, celulares e PDAs, têm se tornado
cada vez mais populares e capazes de executar grande parte das
ações realizadas em computadores pessoais, como navegação Web,
Internet Banking e acesso a e-mails e redes sociais. E é aí que
entra a oportunidade para as seguradoras, uma vez que as
semelhanças não se restringem apenas às funcionalidades dos
eletrônicos, mas também incluem os riscos de uso que podem
representar.
Valores dependem de marca e modelo
Dentre as empresas que já investem no
produto, a Bem Mais Seguros também criou pacotes de proteção para
dispositivos móveis em casos de roubos, furtos qualificados,
oxidação e acidentes com líquidos ou quedas. De acordo com a
consultora Ariane Vazak, a mensalidade vai depender da marca e
modelo do aparelho. “É feita uma cotação”, explica. O serviço tem
carência de 30 dias a partir da contratação e vigência de um ano,
podendo ser renovado por mais 12 meses, explica Ariane. No caso da
Bem Mais Seguros é cobrada franquia (coparticipação do segurado) de
25% do valor do aparelho no mercado.
“A cobertura consiste em primeiro
enviar o aparelho para a assistência técnica, e, não havendo
reparo, o cliente é notificado e recebe um equipamento novo”,
explica Ariane. A Bem Mais Seguros trabalha em parceria com a
seguradora Assurant. “Outra cobertura que temos é para caso de
ligações não autorizadas para linhas pós-pagas”, comenta a
consultora da empresa. “Se o cliente tem o celular roubado, e os
ladrões usarem o telefone, nossos serviços cobrem até R$ 500,00 da
fatura indevida.” Outra solução que o mercado oferece é o chip
inteligente da Gemalto, que será integrado ao Samsung Galaxy S8.
Incorporado a outros smartphones da marca, o chip inclui a série
global do Galaxy A e a série Galaxy C na China. Neste caso a
proteção é digital, com a finalidade de proteção de dados do
usuário em dispositivos pessoais, objetos conectados na nuvem e
tudo o que há entre eles.
A novidade evita que o dispositivo
móvel seja utilizado para a prática de furto de dados, envio de
spam e a propagação de códigos maliciosos, além de poder fazer
parte de botnets e ser usado para disparar ataques na internet.
Somadas a estes riscos, há características próprias que os
dispositivos móveis possuem que, quando abusadas, os tornam ainda
mais atraentes para atacantes e pessoas mal-intencionadas, como
grande quantidade de informações pessoais armazenadas e grande
quantidade de aplicações desenvolvidas por terceiros que podem
facilmente ser obtidas e instaladas. Entre elas podem existir
aplicações com erros de implementação, não confiáveis ou
especificamente desenvolvidas para execução de atividades
maliciosas.
De acordo com informações do Centro de
Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança
(Cert.br), uma quantidade cada vez maior de dados, tanto pessoais
quanto de natureza corporativa, são armazenados em dispositivos
móveis. E apesar de a maioria dos fabricantes proporcionar algum
tipo de mecanismo de segurança para proteger os dados, há situações
em que o usuário é coagido a revelar suas senhas, o que torna a
proteção digital mais uma técnica a ser aprimorada pelo
mercado.