O aumento de renda da população na
última década e a maior “cultura de proteção” na região impulsionou
alta significativa de aportes em companhias de previdência privada
de 2006 a 2016
O mercado de seguros e previdência na
América Latina cresceu 111,76% entre 2006 e 2016, com destaque para
empresas brasileiras. O volume de prêmios na região, há dez anos,
era de US$ 68,5 milhões, e atingiu US$ 145 milhões, puxado pelo
segmento Vida.
O levantamento foi feito pela Mapfre,
ao avaliar um ranking sobre companhias de seguro e previdência da
América Latina. Principal responsável pela alta, o item Vida – que
engloba o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), o seguro de
vida, acidentes pessoais, e outros tipos de planos de contribuição
previdenciária – , teve em 2006 cerca de US$ 24,7 bilhões em
prêmios, e uma década depois, esses aportes chegaram a US$ 66,4
bilhões. Nesses dez anos, a alta foi de 168,74% no segmento.
De acordo com o diretor de
Planejamento e Controle da Brasilprev, Nelson Katz, a redução da
taxa de natalidade e o aumento da longevidade das pessoas tanto no
Brasil, quanto na América Latina, têm sido os principais fatores
para o aumento desses números ao longo do tempo.
‘As pessoas começam a ter algumas
necessidades bem acentuadas ultimamente, principalmente de se
proteger e de buscar uma renda futura. E é isso o que queremos
criar, uma cultura de poupança. O mercado já está crescendo há um
bom tempo, temos três milhões de brasileiros com planos
previdenciários, o que pode ser considerado pouco’, explica o
diretor da empresa, a qual liderou o ranking da Mapfre, seguida de
Bradesco Seguros e Itaú.
Conforme a pesquisa, a Brasilprev saiu
de US$ 524 milhões em prêmios no segmento Vida, em 2006, e foi para
quase US$ 13 bilhões até final de 2016. Segundo a Federação
Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), a arrecadação
em VGBL pela empresa, no ano passado, foi de R$ 44,6 bilhões,
enquanto a reserva para o produto ficou em R$ 156,8 bilhões. A
evolução nesses indicadores foi de 30% e 39,5%,
respectivamente.
O aumento na adesão de previdências e
seguros de vida por parte dos brasileiros nos últimos dez anos pode
ser resultado do aumento de renda da população e também de uma
maior conscientização sobre a proteção financeira, apontam os
especialistas entrevistados pelo DCI.
‘Isso pode significar uma consciência
a mais do povo brasileiro em ter uma poupança maior e querer ditar
o ritmo de sua vida e de seu futuro. Nos últimos dez anos, a renda
das pessoas subiu, e com isso vieram conquistas, como o primeiro
automóvel, o primeiro imóvel. Uma vez satisfazendo as necessidades
básicas, a pessoa busca algumas dessas aspirações. Além disso, o
País teve uma inflação controlada’, analisa o corretor de seguros e
segundo tesoureiro do Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor),
Carlos Cunha.
Ainda de acordo com o corretor a
previdência pode conjugar tanto um seguro como um investimento para
o consumidor. ‘Com a previdência privada eu posso unir esses dois
itens porque, além de ser um seguro contra infortúnios, há aquelas
que até permitem a retirada do seu dinheiro em certo prazo’,
avalia.
Também segundo os especialistas
ouvidos pela reportagem, a reforma da Previdência Social no Brasil
deve influir mais ainda nesses indicadores. ‘A reforma da
previdência pode aumentar o número de planos, e, para isso, também
precisamos emitir um produto mais simples, a ampliar a cobertura.
Apenas quatro de cada cem brasileiros separam seus recursos para
aposentadoria’, aponta Nelson Katz.
Segmento ‘Não Vida’
Apesar de liderarem dentro do item
Vida, as empresas brasileiras de seguro e previdência perdem espaço
no segmento Não Vida: em primeiro lugar figura a própria Mapfre (de
origem espanhola). O prêmio da empresa no segmento foi de US$ 78,7
milhões em 2016, aumento de quase US$ 35 milhões em relação há dez
anos.
‘A cultura de seguros Não Vida no
Brasil ainda é um pouco pobre. Temos algo expressivo com os seguros
de automóveis, por exemplo, mas ainda deixamos de lado outros itens
também importantes, como os residenciais’, complementa o corretor
Carlos Cunha.