Saúde e educação são direitos
assegurados na Constituição de 1988. As duas áreas não constam no
pacote de privatizações do governo Temer (PMDB), mas a gestão
pública de escolas, universidades e unidades de saúde está cada
cada vez mais sujeita a interesses privados.
Ricardo Barros (PP), nomeado ministro
da Saúde após o golpe de 2016, havia sido eleito deputado federal
pelo Paraná dois anos antes. O maior financiador de sua campanha
foi Elon Gomes de Almeida, sócio do Grupo Aliança, um gigante do
ramo de planos de saúde.
Assim que assumiu a pasta, o ministro
divulgou a proposta de criação de planos de saúde privados de
caráter “acessível”, para diminuir a demanda do SUS. Para o
Conselho Federal de Medicina, a ideia só beneficia os “empresários
da saúde suplementar, setor que movimentou, em 2015 e em 2016, em
torno de R$ 180 bilhões”. Há uma semana, Barros passou a defender o
aumento das mensalidades dos planos para pacientes acima de 60
anos.
Educação
O desvio de R$ 20 milhões do ensino estadual, apurado pela operação
Quadro Negro, é um sintoma do desmonte do setor de educação no
Paraná. O Ministério Público trabalha com a hipótese de que
dinheiro, destinado a obras em escolas estaduais, tenha sido usado
para bancar campanhas políticas do governador Beto Richa (PSDB) –
ele nega todas as acusações.
Segundo Rosangela Petuba, presidenta
da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (Sinduepg), o abandono também se reflete na educação
superior,. “Na UEPG, a verba de infraestrutura foi reduzida e está
congelada desde 2010”, afirma. “O que o governo investiu na
universidade em 2016 foi 20% do que ela precisou”, completa. Os
professores estão há três anos sem reposição salarial, o que,
segundo Rosângela, faz parte de uma ação coordenada de ataque ao
serviço público: “E a universidade é muito mal vista nesse
processo, porque ainda é um reduto de resistência a esse tipo de
projeto”.
Universidade Federal do Paraná sofre reflexos do contingenciamento-
além de obras paralisadas, e cortes de funcionários, quase metade
do orçamento de órgãos de financiamento de pesquisa foi cortado
(Foto: Lex Kuzlik)
Na Universidade Federal do Paraná
(UFPR), houve um contingenciamento – atraso ou parcelamento –
de R$ 7 milhões. Todas as obras foram paralisadas, e quem mais
sente na pele os cortes de investimentos são os funcionários
terceirizados: 10% do setor de limpeza e segurança foi
cortado.
“O corte de 44% nos órgãos de
financiamento para pesquisa é o mais pesado”, critica Herrmann
Muller, presidente da Associação dos Professores da UFPR (APUFPR),
que acrescenta que os mais prejudicados são os estudantes mais
pobres. “O serviço público tem um princípio muito claro que é o
atendimento à população como um todo, e não somente uma população
elitizada”, finaliza.
Desmonte de Temer se repete nos municípios
Por Pedro Carrano*
Em maio de
2017, a reunião entre o governo Temer e a
Confederação Nacional de Municípios (CNM) foi marcada
pelo pedido de ajuda das gestões municipais devido
à dívida com a Previdência de R$ 75
bilhões.
Mas, ao mesmo tempo, as gestões
municipais passaram a apoiar o desmonte proposto pelo governo
federal via reformas (trabalhista e previdência), além
de aplicar o chamado ajuste fiscal, de corte de
recursos. Embora a própria CNM admita, em
documento, que não houve, em dez anos, grande
aumento de gastos com o funcionalismo.
Ainda em maio do mesmo
ano, os legislativos de cidades como
Curitiba, Colombo, Araucária e
outras 26 cidades do Paraná buscam aprovar, às
pressas, com uso de força policial, mudanças na previdência e nos
salários do funcionalismo.
“A gente estava na praça, na rua, num
dia de greve, as pessoas viram que eles iam fazer a aprovação, e
fomos para a Câmara. Eles saem de lá, vão para uma sala fechada e
aprovaram, absolutamente sem debate”, afirma Neide Nóbrega,
professora da rede municipal há 11 anos, em Araucária
(PR).
Temer piora Assistência
Social e Saúde
Em pouco menos de um ano, Temer
cancelou programas como a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), reduziu investimentos do Programa Mais Médicos
(PMM), prejudicou programas como o Saúde da
Família (PSF) entre outros. Na Assistência Social,
o governo federal reduziu em mais de R$ 458 milhões os
recursos para co-financiar o Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) nos 5.568 municípios brasileiros.
* Colaborou Déa
Rosendo