55% dos que compram a nova marca não tinham seguro. Por aceitar veículos com até 15 anos de uso, a idade média da carteira é avançada. Enquanto a frota do seguro tradicional tem idade média de 3,8 anos, na Aliro ela é de 7,8 anos.
Embasar os propósitos definidos e orientados à criação de valor para o cliente. Foi essa estratégia, fundamentada na filosofia do Instituto Lean, que fez a Liberty Seguros Brasil exibir um crescimento de 23% na venda de seguro de carro de janeiro a meados de novembro deste ano. Um percentual muito acima dos 6,4% da média do mercado. As vendas de seguro de carro, que representam cerca de 82% do faturamento da companhia, têm sido puxadas pela marca Aliro, lançada em setembro.
A marca foi criada para pessoas que buscam serviços mais simplificados e acessíveis. Pesquisas realizadas com clientes e corretores sinalizaram que o consumidor queria um seguro de carro com cobertura completa, ou seja, roubo, colisão por perda total e danos a terceiros, com um preço que coubesse no bolso. “Eles não queriam um seguro que usasse peças recicladas, como é a proposta do seguro popular. Queriam o seguro que estavam acostumados, porém com um preço menor. Com base nas recomendações do corretores, nossa equipe partiu para viabilizar o desejo do cliente”, comenta Paulo Umeki, vice-presidente da subsidiária de um dos maiores grupos seguradores dos Estados Unidos.
A Aliro chega a custar até 30% menos do que o seguro tradicional completo por ter alguns mimos a menos. O pacote de assistência 24 horas é bem mais enxuto, a quilometragem para socorro por guincho tem limite de quilometragem e o carro reserva é um modelo básico por apenas uma semana. “O resultado tem sido espantoso. Estamos vendendo muito mais do que imaginávamos. A Aliro já representa 10% da nossa base de automóvel e acreditamos que logo chegará a 20%”, comemora o executivo.
Segundo ele, 55% dos que compram a nova marca não tinham seguro. Por aceitar veículos com até 15 anos de uso, a idade média da carteira é avançada. Enquanto a frota do seguro tradicional tem idade média de 3,8 anos, na Aliro ela é de 7,8 anos. “Nosso objetivo é conquistar pessoas que não tinham seguro, bem como manter o cliente que iria deixar de ter um seguro por conta da crise econômica”, comentou.
Ele conta que há mais de oito anos o grupo utiliza o método Lean como meio fundamental para transformar realidades gerenciais, potencializar resultados e melhor aproveitar o potencial humano. “E tem dado muito certo. Somos reconhecidos por ser uma companhia inovadora e nosso acionista está muito satisfeito com nossos esforços e resultados financeiros”, comemora.
Com uma estratégia totalmente voltada ao cliente e equipes motivadas pelos ganhos conquistados pela boa gestão, como qualidade do trabalho e metas alcançadas, a inovação passa a ser algo visível a olho nú. “Temos diversos produtos novos, que foram desenhados depois de ouvir corretores e clientes. Com as sugestões em mãos, toda a equipe de debruça em como colocar tudo aquilo em prática. Muitas delas foram simples de colocar em prática, outras mais complexas por envolver tecnologia que estava ainda em curso e boa parte das críticas tinha ou ainda tem de aguardar mudanças regulatórias para que o produto possa estar enquadrado nas exigências do órgão regulador”, conta Umeki.
A boa notícia é que o arcabouço regulatório do setor está sendo atualizado e a Susep tem como principal estratégia viabilizar um mercado segurador moderno para atender a um consumidor conectado e exigente, como a Aliro, que significa acesso em Esperanto, conhecida língua criada para comunicação internacional. A ideia é de quanto mais simples e acessível, maior será o consumo per capita de seguros, hoje considerado bem abaixo da média mundial.
O Aliro surgiu dentro do Conselho Corretor, um grupo organizado pela seguradora no qual participam corretores de todo o Brasil. “Eles participam das decisões estratégicas da companhia com o cliente, o que inclui desde o desenvolvimento de novos produtos, aperfeiçoamento de seguro existentes e, principalmente, no aprimoramento da comunicação do corretor com o cliente”, conta Umeki. Em 2016 eles pediram um seguro que os ajudasse a enfrentar o orçamento apertado dos clientes.
Já para 2018 eles querem melhoras no processo de comunicação com o cliente. Desde a customização para envolver o corretor em todas as etapas de atendimento, do envio da apólice até a renovação.”Esse será um projeto mais longo e deve se estender até 2020 por envolver mudanças profundas. Ele sinaliza que vai gerar uma significativa redução de custos ao focar a comunicação no envio de apenas o que agrega valor para corretor e cliente”, acredita o vice-presidente da Liberty.
Paralelamente, a seguradora investe em outros produtos, que passam a ser vendidos pelo corretor para seus clientes de automóvel. Umeki cita o seguro de riscos de engenharia, que já está totalmente “no touch”, ou seja, sem qualquer papel. Totalmente digital. “Até mesmo a inspeção é feita de forma eletrônica. O corretor cota o seguro para uma pequena reforma as 8 da manhã e as 20 horas já está com a apólice no computador para mandar ao seu cliente”, acrescenta. Desde que o sistema foi implantado, há um ano, as vendas dobraram, especialmente para lojas localizadas em shopping center.
O seguro transporte também foi beneficiado pela tecnologia “no touch”. Enquanto muitas seguradoras deixam de atuar com o ramo transporte pela alta sinistralidade, Umeki garante que cresce com rentabilidade em razão da tecnologia implementada. “Agora o nosso produto permite que todos os embarques, com cobertura para roubo e acidentes, sejam contabilizados uma apólice única, sem necessidade de averbação.
Recentemente o grupo tem vencido premiações voltadas para empresas mais inovadoras. É também finalista em duas modalidades no Prêmio Inovação da CNseg, cujos nomes foram divulgados ontem. “Temos muitos desafios pelo frente. É um processo que nunca acaba. Mas estamos muito felizes com os resultados que temos alcançado, especialmente a maturidade e envolvimento da nossa equipe de 1,8 mil funcionários em torno dos propósitos claros e comunicados pelo grupo a todos. Isso faz traz comprometimento e, consequentemente, crescer com rentabilidade entra no sangue de todos. Vira um hábito focar no propósito, o que reduz significativamente os conflitos entre áreas”, garante Umeki.
Na semana passada, o grupo inaugurou o seu laboratório de inovação, chamado Nave. “É um espaço físico dedicado a criação de processos disruptivos, desde pequenas melhorias de processos até o desenvolvimento de novos produtos e canais de distribuição”, finaliza o executivo, com um orgulho de trabalhar com o que gosta que contagia a todos.