O lucro dos Correios anunciado nesta manhã de quarta-feira, 9, é contábil e foi determinado principalmente pela decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que obriga empregados da estatal a pagarem parte do plano de saúde. Com a decisão, caiu a provisão que a empresa fazia para o benefício. O presidente da estatal, Carlos Fortner, disse que a empresa deve voltar a dar lucro financeiro neste mês de maio e já fala até em retomar o pagamento de dividendos em quatro anos.
“O lucro em 2017 é contábil. O resultado financeiro do ano seguiu no negativo em cerca de R$ 100 milhões por mês”, disse Carlos Fortner, que anteriormente ocupava a vice-presidência de Finanças da empresa. Após participar de audiência na Câmara dos Deputados, ele explicou que a decisão do TST reduziu obrigações futuras da empresa com o plano de saúde. Isso reduziu as provisões que afetavam o balanço e permitiu o lucro contábil. O balanço será divulgado após aprovação do Conselho de Administração e do Tesouro Nacional.
Em 2016, as despesas da estatal com o plano de saúde dos funcionários e aposentados alcançou R$ 1,74 bilhão. Além disso, o passivo no balanço gerado pelo plano de saúde e o plano de previdência somava R$ 8,467 bilhões.
Carlos Fortner comentou que o resultado financeiro da estatal melhora a cada mês e já deve terminar maio com resultado positivo pela primeira vez após muitos anos de prejuízo. Ele não se comprometeu com um valor para o mês, mas lembrou que esse equilíbrio das contas estava previsto para ocorrer apenas em agosto de 2018.
Dividendos
Com a expectativa de voltar ao lucro financeiro, o executivo acredita que serão necessários de dois a três anos de retenção de lucros para a recomposição de caixa. Assim, o presidente dos Correios acredita que em quatro anos a empresa poderá voltar a distribuir dividendos ao Tesouro Nacional.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, também demonstrou cautela com o tema dos dividendos. “Isso não foi discutido até porque há um problema de caixa na empresa. Uma coisa é o balanço e outra coisa é o caixa”, disse. “Não vamos cometer o erro de abalar as finanças dos Correios com transferência para o Tesouro”, completou, ao lembrar que a “decisão maior” é do governo.
Azul
Carlos Fortner comentou ainda que o trabalho com a companhia aérea Azul para criação de uma nova empresa de logística avançam e as operações devem começar no segundo semestre com os primeiros testes operacionais.