a reta final da corrida eleitoral, o
Banco Mundial (Bird) divulgou um conjunto de sugestões aos
candidatos à presidência que inclui o fim da dedução dos gastos com
planos de saúde no Imposto de Renda e a redução dos benefícios de
aposentadoria para os servidores públicos admitidos antes de 2003
que ainda estão na ativa como fundamentais para viabilizar o
equilíbrio fiscal. No documento “Por um ajuste justo com
crescimento compartilhado” o Bird faz propostas para um leque de
assuntos que inclui Saúde, Educação, Segurança, Infraestrutura,
Meio Ambiente, Previdência e estrutura tributária. O documento
também defende a revisão da política de teto para os gastos
públicos, justificando que todos os esforços de ajuste fiscal foram
feitos praticamente só através do corte de investimentos.
As propostas que dizem respeito
diretamente ao bolso do eleitor brasileiro fazem parte do capítulo
sobre a crise fiscal, que exigiria revisão dos incentivos e
subsídios atualmente em vigor no país, que representam um gasto de
6,2% do PIB em incentivos e subsídios, sendo 4,3% em isenções
fiscais e 1,9% em subsídios fiscais e de crédito. Para o Banco
Mundial, um número significativo desses benefícios é “reflexo da
busca de privilégios por grupos de interesse específicos, que obtêm
apoio estatal a um custo alto para a sociedade como um todo".
Na avaliação do Bird, a dedução dos
gastos com planos de saúde no I.R. não se justifica, porque
representa subsídio do governo a “serviços de saúde privados para
os segmentos relativamente mais ricos da sociedade, levando em
consideração que existe um sistema público de saúde universal e
gratuito para os cidadãos”. Na mesma linha, o Bird voltou a
defender o fim do Simples, regime especial que não se refletiu em
maior formalização, faz empresas quererem permanecer pequenas para
pagar menos impostoe tira competitividade dos empreendimentos de
porte médio.
Sobre a Previdência, o documento
considera acertado o caminho da reforma proposta, mas afirma que é
preciso medidas mais incisivas para conter o avanço do déficit nas
contas. A redução dos benefícios dos servidores que ingressaram no
serviço público antes de 2003 e ainda estão na ativa é uma entre
várias medidas apontadas como fundamentais. Essa medida compõe um
conjunto que indicaria, nas palavras do Bird que “talvez seja a
hora do país repensar a proteção constitucional aos “direitos
adquiridos” que “só podem ser financiados por grandes
transferências feitas pelas gerações mais jovens”.
O documento do Banco Mundial aponta
três desafios principais para o novo presidente: o desequilíbrio
fiscal, que começou em 2012 e agora representa “ameaça iminente à
retomada do crescimento e à manutenção da estabilidade
macroeconômica”; a falta de crescimento sustentado da
produtividade; e a crescente dificuldade do Estado brasileiro,
apesar de suas grandes dimensões, para oferecer serviços públicos
básicos. “O Brasil arrecada mais impostos do que um país de porte
médio da OCDE. No entanto, a crescente epidemia de violência, a
estagnação nos resultados da educação e a incapacidade de prover
serviços de saneamento a milhões de brasileiros são apenas alguns
dos sintomas do fracasso do estado que exigirão mudanças
fundamentais de governança pública”, diz o documento.