Levantamento do Instituto
aponta que o grupo de beneficiários que mais cresce é aquele com
mais de 80 anos
O total de vínculos entre planos
médico-hospitalares e pessoas com 80 anos ou mais é o que mais
cresceu nos últimos 4 anos e meio. De acordo com análise especial
da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), do Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o total de beneficiários nesta
faixa etária saltou de 1,01 milhão, em dezembro de 2014, para 1,17
milhão em junho de 2019. A alta de 16,1% equivale ao acréscimo de
162,8 mil novos vínculos.
José Cechin, superintendente
executivo do IESS, destaca que o aumento não é exclusividade dessa
faixa etária, mas dos idosos de modo geral. "O total de
beneficiários com 60 anos ou mais cresceu 10,1% desde dezembro de
2014", comenta. "O movimento é particularmente interessante porque,
nesses 54 meses de lá para cá, o mercado como um todo registrou o
rompimento de 3,2 milhões de vínculos com planos. De fato,
desconsiderando a contratação por pessoas com 60 anos ou mais, o
setor registrou a saída de 3,8 milhões de beneficiários da saúde
suplementar no período analisado", completa. O superintendente
também destaca que entre junho de 2000 e junho de 2019 o número de
vínculos na faixa etária de 80 anos ou mais cresceu mais de três
vezes (passou de 391 mil para 1,2 milhão) e na faixa de 75 anos a
79 anos, mais que dobrou (de 404 mil para 822 mil).
O executivo destaca que esse
envelhecimento da população de beneficiários de planos e seguros de
saúde ajuda a explicar por que, mesmo com a redução do total de
vínculos, os custos médico-hospitalares per capita permanecem
ascendentes. "O crescimento acelerado do número de beneficiários
nas faixas etárias mais avançadas simultaneamente ao declínio
daqueles mais novos gera um descompasso financeiro crescente no
longo prazo, porque desequilibra a proporção de beneficiários
idosos em relação a de jovens. Com isso, fica ameaçado o pacto
intergeracional, não porque as pessoas se tornem menos propensas à
solidariedade, mas porque não haverá jovens em número suficiente
para sustentá-la", alerta Cechin. O pacto intergeracional é um
critério utilizado para a formação de preço e sustentabilidade
econômico-financeira dos planos de saúde em que os beneficiários
mais novos pagam um pouco a mais do que o custo médio de seu perfil
para que os mais idosos possam pagar um pouco menos do que seu
custo médio, tornando o benefício mais acessível a essa faixa
etária. Mais informações sobre esse tema podem ser obtidas na
Cartilha de Reajuste dos Planos de Saúde, do IESS.
Além dos beneficiários com mais de
80 anos, outros grupos de idosos também registraram aumento nos 54
meses analisados. Houve aumento de 3,4% (+63,3 mil) no total de
beneficiários com idade entre 60 anos e 64anos; de 13,5% (+182,4
mil) na faixa de 65 anos a 69 anos; de 14,3% (+141,3 mil) na faixa
de 70 anos a 74 anos; e de 6,9% (+52,9 mil) entre aqueles que têm
de 75 anos a 79 anos.
Nesse contexto, Cechin acredita que
é evidente a necessidade de reavaliar e adequar todo o modelo
assistencial da saúde suplementar no País. "Será necessário
revisitar a estrutura hospitalar para acolher uma proporção
crescente de pessoas com doenças crônicas, desafio semelhante ao já
enfrentado atualmente pelo NHS britânico, e, principalmente, migrar
para modelos com atenção primária à saúde, com médico de família
que faça a coordenação do cuidado, frequentemente prestado por
profissionais diversos e em instituições diferentes. Ao invés de um
sistema fragmentado, devemos ter um sistema integrado, focado no
indivíduo, que o acompanhe ao longo de cada episódio de tratamento
e do tempo, seguindo as linhas de cuidado com uma visão integrada",
completa.
Esse movimento já está acontecendo
no mercado, com mais ênfase em programas de promoção de saúde.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na
última década, o número de programas de promoção de saúde saltou de
68 para 1.868. Só nos últimos cinco anos, o número de beneficiários
incluídos nesses programas cresceu cerca de 50%, somando,
atualmente, 2,3 milhões de pessoas.
Exceção
Apenas dois grupos de beneficiários
não idosos com planos médico-hospitalares cresceram entre dezembro
de 2014 e junho de 2019: os da faixa de 40 anos a 44 anos tiveram
aumento de 4,7% ou 178,7 mil novos beneficiários; e, os da faixa de
35 anos a 39 anos, com aumento de 5,1%, ou mais 241, 2 mil
pessoas.