ASG: Banco Central e Susep
divulgam novas normas
Em 7
de abril o Banco Central abriu consulta pública sobre as formas de
aprimorar o gerenciamento de riscos sociais, ambientais, e
ainda climáticos físicos e riscos climáticos de transição, este
último relacionado ao processo de uma economia de baixo carbono. É
um grande passo para avançar na direção de novos modelos que
incorporem a agenda ASG nas organizações. A proposta inclui estes
riscos no gerenciamento dos demais já tradicionais do Sistema
Financeiro Nacional: riscos de crédito, de mercado, de liquidez e
operacionais. A consulta fica aberta até 5 de junho.
A nova Política de Responsabilidade Social, Ambiental e
Climática (PRSAC) está prevista para execução em duas fases –
divulgação ao público externo e fortalecimento da estrutura de
governança – e traz, entre outras inovações, o monitoramento da
reputação das instituições reguladas pelo BC, exigindo novas
estruturas de governança específicas ao tema. Outro fator a ser
medido será o impacto da concentração em setores econômicos ou
regiões geográficas mais suscetíveis aos danos relacionados.
A revisão de normativos que considerem esses aspectos nas
operações é tendência internacional de reguladores do sistema
financeiro, incluindo Susep. A elaboração de uma Política de
Responsabilidade Socioambiental para o setor de seguros e de
normativos voltados para o aprimoramento da gestão de riscos ASG
(Ambiental, Social e Governança) fazem parte do plano de regulação
da autarquia ainda para 2021. A expectativa é que as empresas
passem a incorporar essas dimensões no planejamento estratégico de
longo prazo, evidenciando perante a
seus stakeholders – comunidade interna,
fornecedores, clientes entre outros – a sua contribuição para a
agenda de desenvolvimento sustentável.
A recente modernização do marco regulatório de microsseguros,
proposta pela Susep, está alinhada a uma política internacional
muito difundida entre supervisores do sistema financeiro. Além de
tornar o modelo de negócios mais atrativo, incentivando as empresas
do setor a se debruçar sobre esse segmento, o novo marco
regulatório reitera o peso que a contribuição do microsseguro tem
para o aspecto Social da tríade ASG, sobretudo em tempos de
pandemia como os que estamos vivendo.
Segundo informações da rede de especialistas internacionais,
Microinsurance Network – MiN, “imprevistos” como eventos
catastróficos decorrentes de mudanças climáticas passarão a ser
cada vez mais frequentes nos próximos anos. O impacto financeiro
desses eventos será mais severo em países emergentes e crítico para
a população economicamente vulnerável desses países.
Num plano mais restrito, um imprevisto como a perda de bens
materiais decorrente de incêndios ou alagamentos, por exemplo,
causam desequilíbrio nas contas das famílias de menor renda. O
papel do microsseguro é suprir a lacuna, contribuindo para o
equilíbrio e para organização financeira, uma vez que essa parcela
da sociedade é a mais impactada com esses imprevistos.
Marcio Coriolano –
Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras –
CNseg